Economia
Americanas: Sindicatos pedem bloqueio bilionário nas contas de Telles, Lemann e Sicupira
A empresa deve mais de 41 bilhões de reais a 7,9 mil credores, entre eles bancos públicos como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES
Centrais sindicais do País pediram à Justiça do Trabalho, em ação protocolada nesta quinta-feira 26, o bloqueio de 1,85 bilhão de reais da conta pessoal dos três principais acionistas da Americanas – Marcel Herrmann Telles, Carlos Alberto Veiga Sicupira e Jorge Paulo Lemann -, com o objetivo de garantir que as ações trabalhistas em curso contra a empresa serão pagas.
No documento, enviado à 8ª Vara de Brasília, os dirigentes sindicais argumentam o pedido com base na possibilidade de a varejista dar um calote nos trabalhadores, que brigam na Justiça pelos seus direitos. De acordo com a ação, atualmente existem cerca de 17 mil ações trabalhistas em curso contra as empresas do Grupo Americanas.
“A ação visa desconsiderar a personalidade jurídica da Americanas e responsabilizar os acionistas de referência pela fraude contábil que se desenrolou durante anos na Companhia e que inflou artificialmente não só o lucro, mas os dividendos distribuídos aos acionistas, sendo os três bilionários os maiores beneficiários da fraude”, diz um trecho.
A ação é assinada por oito centrais sindicais. São elas:
- Central Única dos Trabalhadores (CUT)
- União Geral dos Trabalhadores (UGT)
- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
- Força Sindical (FS)
- Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
- Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
- Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs-CUT)
- Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC)
As lideranças sindicais querem, na prática, responsabilizar o trio de acionistas da Americanas pelo escândalo contábil. O movimento é parecido ao dos bancos Bradesco e Santander, que acionaram a Justiça contra a empresa para provar que houve fraude na gestão da varejista.
De acordo com uma lista divulgada pela Americanas, a empresa deve mais de 41 bilhões de reais a 7, 9 mil credores, entre eles bancos públicos como o Banco do Brasil (1,3 bilhão de reais), a Caixa Econômica Federal (501 milhões de reais), e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (276 milhões).
A Americanas entrou com o pedido de recuperação judicial em 19 de janeiro, após o executivo Sérgio Rial, que ocupava o cargo de CEO, anunciar um rombo de aproximadamente 20 bilhões de reais nas contas da empresa. Dias depois, a companhia declarou que declarou que a dívida, na verdade, alcança o dobro desse valor.
A recuperação judicial é um recurso previsto em lei para evitar falências. Com esse instrumento, é possível suspender o pagamento de dívidas ou renegociá-las.
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