Economia

A Semana do Mercado: mesmo com alívio do Fed, inflação e juros em alta dominam expectativas 

O editor de Finanças William Salasar comenta os rumos das bolsas neste início de semana

Menor atratividade. O aumento dos juros básicos garante retornos com menor risco e afasta os investidores não habituais da Bolsa - Imagem: Miguel Schincariol/AFP
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A agenda econômica está praticamente vazia nesta semana, com destaque para o índice de preços ao consumidor da Zona do Euro, amanhã, e a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, quando se dá como líquido e certo de que virá uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros da Zona do Euro. A média das projeções do mercado aponta para uma alta mensal de 0,8% na inflação europeia, e pesquisa da agência Reuters, com 63 economistas indica que, além da alta de 25 pontos base, o mercado acredita que a autoridade monetária poderia ser ainda mais agressiva. Na mesma pesquisa, os economistas disseram que os juros europeus deveriam ser elevados em 50 pontos base. A inflação na zona do euro deve atingir 7,6% em 2022, segundo projeções da Comissão Europeia. 

Na semana passada, dados acima do esperado para a inflação dos Estados Unidos, com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) atingindo 1,3% em junho em relação a maio e 9,1% em doze meses, contra expectativas de 1,1% e 8,8% respectivamente, chegaram a elevar para acima de 80% a probabilidade de o Federal Reserve – o Fed, banco central norte-americano – acelerar o aperto monetário. Apostou-se que a taxa básica de juro subiria 1 ponto percentual (p.p.) para o intervalo de 2,5% e 2,75% na reunião do dia 27, quarta-feira da próxima semana. Mas a expectativa de manutenção do ritmo de 0,75 p.p. para entre 2,25% e 2,50% voltou a ganhar força com manifestações de dirigentes do Fed, como James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, descartando a possibilidade dessa alta de 1 p.p. Analistas observaram que o peso da fala de Bullard vem de ele ter sido o primeiro entre os membros votantes a defender um aperto mais duro que o inicial.

Esse “alívio” no prognóstico de escalada dos juros animou as bolsas ao redor do mundo, depois de uma semana de intensa aversão ao risco. Na Ásia, a bolsa de Hong Kong subiu mais de 2%; na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 terminava o pregão com alta de 1,1%; os futuros dos índices norte-americanos igualmente apontavam bolsas em alta. Embalado pelo sentimento mundial, o Índice Bovespa iniciou os negócios da semana no terreno positivo: por volta das 11h operava em leve alta de 0,45%, aos 96.551 pontos. 

Entretanto, a edição desta manhã do Boletim Focus do Banco Central indicava uma “migração” da inflação de 2022 para 2023, acompanhada de correspondente expectativa de alta da taxa básica de juros, a Selic. A última edição de junho do relatório trazia expectativas de inflação medida pelo IPCA de 8,27% para este ano; hoje, estava em 7,54%. Os principais motivos para essa redução dos prognósticos, segundo a casa de análise Levante, derivam por ora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos benefícios e consistem em revisões estatísticas que, infelizmente, não serão replicadas nos próximos anos.

Mais dois índices divulgados pela Fundação Getúlio Vargas na manhã desta segunda-feira confirmam isso. O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) desacelerou para 0,60% em julho ante 0,74% em junho. Com esse resultado, o índice acumula alta de 9,18 % no ano e de 10,87 % em 12 meses. Quedas de preço em commodities importantes como algodão (queda de 9,15 % em julho após uma alta de 6,32 % em junho) minério de ferro (baixa de 5,93 % ante queda de 2,86 % em junho) e milho (queda de 3,31 % em julho ante baixa de 0,31 % no mês anterior) mostram a trajetória de baixa dos preços, especialmente do atacado. A inflação ao consumidor também recuou. A FGV divulgou, nesta segunda-feira, o IPC-S da segunda quadrissemana de julho, que desacelerou para 0,24 % ante 0,69 % da quadrissemana anterior. Na segunda quadrissemana de junho, o índice havia avançado 0,91 %. A principal causa dessa desaceleração da inflação foi a baixa nos preços dos combustíveis. Depois de subirem 0,30 % na segunda quadrissemana de junho e 0,13 % na primeira observação de julho, os preços recuaram 1,1 % na segunda quadrissemana, graças à queda dos preços dos combustíveis.

A “migração” da inflação para 2023 veio acompanhada de uma revisão das expectativas para os juros: a Selic projetada para o fim de 2022 segue inalterada em 13,75 %, mas a taxa básica para o fim de 2023 continuou em alta, dos 10,25 % há quatro semanas, para 10,50 % nas duas edições seguintes e para 10,75 % na edição desta segunda-feira.

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