Economia

A Semana do Mercado: Ata do Copom e PEC dos Precatórios dominam a cena

O editor de Finanças William Salasar comenta as principais tendências de abertura da Bolsa nesta segunda 1°

Roberto Campos Neto e Paulo Guedes. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O destaque da agenda doméstica desta semana será a ata do Comitê de Política Monetária, o Copom, mas com a política fiscal ainda preocupando investidores, gestores, operadores e analistas do mercado financeiro, em particular a votação da PEC dos Precatórios.

O Copom elevou a taxa Selic em 1,5 pp, para 7,75% aa, e sinalizou novo ajuste da mesma magnitude na próxima reunião, prevista para os dias 7 e 8 de dezembro. Parte dos analistas, contudo, interpretou que a justificativa para esta decisão foi bastante sucinto sobre o quadro fiscal. É o que diz o boletim semanal da Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, assinalando que, por isso, a expectativa é que os membros da diretoria do BC explorem mais esse assunto, e sinalizem suas implicações para a evolução da economia e da política monetária.

A Itaú Asset Management, porém, não esperou para escrutinar a Ata e já anunciou hoje uma revisão de projeções. Para a corretora, o comunicado do Copom destaca uma inflação pressionada e eleva a assimetria altista do balanço de riscos devido aos recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal, avançando em território ainda mais contracionista. Sobre inflação, a gestora projeta IPCA em 9,6% para 2021. Ela inicia hoje a divulgação de projeções para 2023, já acima da meta de 3,25%, esperando inflação de 3,7% no ano.

Como a percepção de risco elevado coloca pressão sobre as decisões de juros por parte do Banco Central, a Itaú Asset eleva, consequentemente, suas expectativas de Selic, chegando a dois dígitos no próximo ano. Espera, agora, 9,25% ante 8,25% projetados no fim de setembro.

Para a Levante Ideias de Investimento, a questão fiscal ganha relevância no patamar elevado da taxa de câmbio, responsável pela persistência do aumentos de preços no atacado, juntamente com a alta de commodities no exterior e a crise de energia. No varejo, o índice de disseminação continua alto. E, além dos preços que já vêm pesando há bastante tempo, como os de alimentação, de combustíveis e de energia, chama atenção o avanço do setor de serviços. Os aumentos já eram esperados, diante da flexibilização das atividades, mas não nessa intensidade.

O cerne do problema fiscal, prossegue a Levante, é a estratégia do governo para viabilizar o Auxílio Brasil. Começou com a tentativa de postergar boa parte do pagamento dos Precatórios, dando a ideia de calote e com risco de gerar um acúmulo de dívidas. Porém, abrindo espaço no teto para o novo programa. Problema que se agravou com o anúncio do benefício com valor mínimo de 400 reais para atender cerca de 17 milhões de famílias. Isso exige novas manobras, como a alteração do período de referência da inflação usada para corrigir o teto. Por onde passa um boi passa uma boiada, e já há pressão política para aproveitar as mudanças ampliando, também, o espaço para o fundo eleitoral e as emendas do relator. E, sem contar com a receita extra que viria da Reforma do Imposto de Renda, que será esvaziada no Senado, o jeito foi tentar complementar o valor do Auxílio com um benefício temporário ao longo de 2022.

Para a Febraban, a mensagem dos mercados é que a credibilidade fiscal foi abalada, e seria importante o governo encontrar uma alternativa para recompor ao menos em parte a sua credibilidade. “Caso não consiga e a depender da solução a ser encontrada, poderemos ter nova rodada de depreciação dos ativos domésticos”, alerta a entidade.

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