Economia

A Semana do Mercado: à espera das urnas – e dos juros

O mais provável é que os mercados nacionais continuarem dançando conforme o ritmo dado pelos mercados internacionais, onde prevalece a aversão ao risco

Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Mauro Pimentel/AFP
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Última semana para a eleição presidencial – e para governadores, deputados e senadores –, a tendência do mercado financeiro nacional é manter o pé no freio até a próxima segunda-feira. E nem há eventos ou indicadores mais relevantes capazes de movimentar significativamente a bolsa, os juros, o dólar. O mais provável é continuarem dançando conforme o ritmo dado pelos mercados internacionais, onde prevalece a aversão ao risco e as especulações sobre a trajetória da inflação e dos juros, particularmente nos Estados Unidos. 

Por lá, investidores aguardam a divulgação do Consumers Expenditures Prices (PCE), o indicador de inflação preferido do Federal Reserve, o Fed, banco central dos EUA, na sexta-feira. Antes, vão se fixar em pronunciamento do presidente do, Jerome Powell, para avaliar como a política de aperto monetário dos EUA pode impactar a economia global.  Na conclusão da reunião do Fomc, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central poderia aumentar as taxas em até 4,6% antes de recuar. A previsão também mostra que o Fed planeja permanecer agressivo este ano, elevando as taxas para 4,4% antes do final de 2022. Com isso, a remuneração das notas de dois anos do Tesouro dos EUA subiu ainda mais, para 4,3%, depois de atingir novos máximos de 15 anos no final da semana passada, após o último aumento da taxa do Fed.

Na Europa, as bolsas operavam em baixa ante as perspectivas de uma recessão global aumentando, à medida que a inflação continua alta e os bancos centrais recorrem a aumentos agressivos das taxas de juros para tentar controlar a aceleração dos preços.

A libra caiu para a menor cotação em relação ao dólar desde 1971, após o anúncio da semana passada pelo novo governo do Reino Unido de que implementaria cortes de impostos e incentivos ao investimento para impulsionar o crescimento.

Os mercados asiáticos fecharam em forte baixa, com o sentimento negativo continuando a pesar nos mercados do continente asiático, enquanto o Banco do Povo da China interveio no mercado de câmbio para sustentar o iuane, aumentando a exigência de reserva de risco sobre vendas a prazo de câmbio para 20% de 0%, a partir de quarta-feira. E o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, declarou hoje que o governo e o Banco do Japão estão dispostos a confrontar ataques especulativos ao iene – uma semana depois do BoJ intervir no mercado para sustentar a moeda japonesa pela primeira vez em 20 anos. 

Por aqui, além da batelada de pesquisas eleitorais e o debate entre os candidatos à Presidência na quinta-feira, os investidores também ficam atentos à ata da última reunião do Copom, que será divulgada amanhã, em busca de pistas do que o BC vai fazer daqui pra frente, depois de ter interrompido as altas da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%. A divulgação da prévia da inflação também fica no radar.

Após o Comitê encerrar o ciclo de aperto monetário na última reunião, o mercado estará atento à sinalização dos próximos passos do BCB e as novas projeções econômicas da autoridade. Apesar do tom do comunicado ter sido considerado duro, a projeção de inflação para 2023 e 2024 do BC está abaixo da projeção de consenso (e da meta para 24), o que não evitou o mercado de precificar cortes de juros já a partir do início de 2023 (algo que o comunicado buscou evitar). Assim, os documentos a sair nesta semana são uma oportunidade para o BC explicar melhor suas projeções e refinar sua comunicação.

No Relatório Focus de projeções dos economistas do mercado consultados, divulgado agora cedo pelo BC, a expectativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 caiu pela 13ª semana consecutiva, de 6,00% para 5,88%. Já a previsão para a inflação em 2023 diminuiu pela quinta semana seguida, de 5,01% para 5,00%. Para 2024, a projeção foi mantida em 3,50%.  Já a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 aumentou pela 12ª semana consecutiva, de 2,65% para 2,67%. Já para 2023, a previsão seguiu em 0,50%. Para 2024, a projeção subiu de 1,70% para 1,75%.

As projeções para a Selic se mantiveram pela 14ª semana seguida, em 13,75% ao ano. Para 2023, a expectativa foi mantida em 11,25% pela terceira semana seguida. Já a expectativa para o dólar também se manteve no nível das últimas nove semanas, em 5,20 reais por 1 dólar, tanto para 2022 como para 2023. Para 2024, ela caiu de 5,11 reais para 5,10.

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