Economia

A ofensiva de Requião contra Jean Paul Prates, o novo presidente da Petrobras

No centro do ataque está o primeiro vídeo publicado por Prates após o Conselho de Administração da estatal aprovar sua indicação

Roberto Requião e Jean Paul Prates. Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil e Agência Senado
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O ex-governador do Paraná e ex-senador Roberto Requião, filiado ao PT desde o ano passado, fez duras críticas nesta sexta-feira 26 ao correligionário Jean Paul Prates, novo presidente da Petrobras.

No centro da ofensiva está o primeiro vídeo publicado por Prates após o Conselho de Administração da estatal aprovar sua indicação à presidência, na quinta 26.

Na gravação, Prates agradece a todos os funcionários e destaca a transformação como “tônica do mundo”, nas áreas de energia, meios digitais e meio ambiente.

Segundo ele, “mitigar a mudança do clima é uma mudança global necessária e urgente” e a Petrobras deve ter “um papel de grande impulsionadora da transição energética no Brasil”.

O discurso, porém, irritou Requião. “Absolutamente vazio, impatriótico e cooptador dos funcionários para uma visão entreguista?“, publicou.

“Não entendi, mestre Requião”, respondeu Prates. “O tenho na mais alta consideração e referência. Mas ao longo dos meus parcos 4 anos se Senado (frente a sua trajetória bem maior no legislativo) nunca conversamos por mais de 10 min! Como pode ter me escolhido como motivo principal de sua indignação?”

A tréplica de Requião veio lacônica: “Espero estar errado”.

Prates já sinalizou em diferentes ocasiões seus planos de conduzir a Petrobras ao setor de energia renovável, a exemplo de petroleiras estrangeiras. Usinas eólicas, hidrogênio verde e biocombustíveis são termos com os quais os brasileiros devem se acostumar nos próximos anos.

Deve ganhar força, inclusive, uma Diretoria de Transição Energética, cujo comandante ainda não foi anunciado.

O novo presidente da Petrobras também terá de lidar com a cobrança para alterar a política de preços de combustíveis, hoje atrelada à oscilação do petróleo no mercado internacional e à variação do dólar. Lula (PT) defendeu, ao logo da campanha presidencial, “abrasileirar” os preços.

No início do mês, Prates afirmou que sua gestão não promoverá uma intervenção nos preços dos combustíveis.

“Nunca ninguém falou em intervenção. O mercado é aberto e a importação está aberta”, disse Prates na ocasião. “A Petrobras não faz intervenção em preços. Ela cumpre o que o mercado e o governo criam de contexto. A Petrobras reage a um contexto. A gente vai criar uma política de preços para os nossos clientes.”

Ele marcou, porém, as diferenças entre “paridade de importação”, modelo atualmente em vigor, e “paridade internacional”.

“Uma coisa é ter o internacional como referência, outra coisa é se guiar pelo preço de uma refinaria estrangeira mais o preço para chegar até aqui”, prosseguiu. “Todo o preço será vinculado internacionalmente de alguma forma.”

Em resumo, o petista declarou que a política de preços também tem de refletir o fato de o País produzir os combustíveis. Os preços, portanto, serão do “mercado brasileiro”, formados pela produção nacional e pela importação.

Na quinta-feira 26, logo após o Conselho da Petrobras aprovar a indicação de Jean Paul Prates, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, afirmou que o endosso “representa o início de uma nova era em direção ao crescimento e à retomada do papel da empresa como indutora do desenvolvimento econômico e social do País”.

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