Diversidade

Lei nos EUA quer proibir aborto desde 1° batimento cardíaco do feto

Legislação da Geórgia desafia decisão da Suprema Corte. Mais de 300 medidas de restrição ao direito feminino foram adotadas em 28 estados

O republicano Kemp diz defender os inocentes (Foto: Kevin C. Cox/Getty Images/AFP)
Apoie Siga-nos no

O governador do estado da Geórgia, no sudeste dos Estados Unidos, sancionou na terça-feira 7 a lei da “batida do coração”, uma das medidas antiaborto mais duras do país, que proíbe interromper a gravidez depois das seis semanas de gestação.

Para seus opositores, o texto do documento servirá para proibir definitivamente os abortos, pois o coração pode ser ouvido a partir da sexta semana de gravidez, quando muitas mulheres ainda não estão nem conscientes de estarem grávidas.

O governador republicano do estado da Geórgia, Brian Kemp, assinou a lei, entre as mais restritivas do país, apesar das ameaças de boicote das estrelas de Hollywood. Dezenas de atores, incluindo Ben Stiller, Alec Baldwin e Alyssa Milano, disseram em uma carta que não poderiam mais trabalhar “em boa consciência” na Geórgia, um destino popular para filmagem, se a lei fosse promulgada.

“Defendemos os inocentes, os vulneráveis, aqueles que não podem falar por si mesmos”, rebateu o governador ao assinar o texto, que deve entrar em vigor em janeiro de 2020 e prevê exceções em caso de estupro, incesto ou perigo vital para a mãe.

Braço de ferro com o Supremo

A lei, que faz parte de uma ofensiva total contra opositores ao aborto, visa testar os limites da decisão do Supremo Tribunal dos EUA no caso “Roe v. Wade”, que reconheceu em 1973 nos Estados Unidos o direito das mulheres a abortar quando o feto não for viável. Leis semelhantes aprovadas em Kentucky e Mississippi foram bloqueadas pelos tribunais e é provável que a lei da Geórgia sofra o mesmo destino.

A mídia repercutiu a posição de astros de Hollywood:

Se os juízes federais bloquearem o texto, a Geórgia fará um apelo na esperança de chegar à Suprema Corte e convencê-la a reconsiderar sua decisão de 1973. Essa estratégia, que não é nova, foi revivida desde a chegada ao Supremo de dois magistrados nomeados por Donald Trump, que ancoraram a instituição no campo conservador.

O Instituto Guttmacher, defensor do direito das mulheres de se disporem de seu próprio corpo, documentou mais de 300 medidas de restrição ao aborto adotadas desde o início do ano em 28 estados dos EUA. Ohio, Missouri e Tennessee também estão, como a Geórgia, prestes a aprovar as chamadas leis “heartbeat”. Os legisladores do Alabama querem proibir os médicos de realizar abortos, sob pena de prisão.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo