Diversidade
Homofobia no Supremo: Celso de Mello alfineta Damares Alves
“O padrão existencial heteronormativo é incompatível com a diversidade da sociedade democrática”, disse


No segundo dia de julgamento sobre a criminalização da homofobia, o ministro e relator Celso de Mello teceu duras críticas ao conservadorismo e à intolerância, apontou que irá condenar a omissão do Congresso em relação à homofobia, mas não concluiu seu voto. A sessão volta à tribuna na quarta-feira 20.
Apesar de se esperar que o voto do decano acuse a omissão do Congresso, ele declarou não reconhecer que o Supremo deve criar qualquer lei específica para homofobia. Para tal, sustentou o papel exclusivo da Câmara para questões legislativas – ou seja, o estabelecimento de crime e pena específicos.
Caso prevaleça a interpretação de Mello, ainda há a via da inclusão da homofobia dentro da Lei de Racismo, defendida pela comunidade LGBT e apoiadores.
Antes mesmo de iniciar a leitura do voto, o ministro criticou de antemão a intolerância em relação à temática de gênero e orientação sexual, propagada por quem ele definiu como “mentes sombrias”.
Além disso, relatou que falas como “meninos vestem azul, meninas vestem rosa”, da ministra Damares Alves, são um atentado às liberdades fundamentais de qualquer ser humano. Adicionou também que “o padrão existencial heteronormativo é incompatível com a diversidade e pluralismo da sociedade democrática”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.