Cultura

Wagner Moura diz que ‘Marighella’ é visto como ameaça e condena atraso

O diretor afirma ainda que, pela primeira vez na vida, se sente ameaçado no Brasil. ‘É de cortar o coração’, diz

Wagner Moura diz que ‘Marighella’ é visto como ameaça e condena atraso
Wagner Moura diz que ‘Marighella’ é visto como ameaça e condena atraso
Moura, seu Jorge e o elenco de 'Marighella' no Festival de Berlim (Foto: Tobias SCHWARZ / AFP)
Apoie Siga-nos no

‘Marighella’ já gerou discussão, críticas ao governo e à ditadura, já foi elogiado em festivais, mas ainda não tem data de estreia no Brasil. E a demora não parece ser combinada.

Em entrevista concedida ao jornal britânico The Daily Telefgraph, o diretor Wagner Moura apontou que o filme é visto como uma ‘ameaça’ pelos distribuidores, e que a questão tem uma ‘conexão clara’ com a atual situação política do País.

“Eu estava preparado para o filme polarizar as pessoas e para as críticas, mas não estava preparado para nossos distribuidores não terem coragem de lançar o filme”, ​​disse Moura, que está atualmente divulgando o longa no Festival de Cinema de Sydney, na Austrália.

Nas redes sociais, o autor do livro que inspirou o filme, Mário Guimarães, posicionou-se contra o atraso com traços de boicote promovido pela Paris Filmes, responsável pela distribuição no Brasil. Outras pessoas também passaram a criticar a falta de respostas:

https://twitter.com/rcsm777/status/1137339022043439105

“Senti que poderia estar em perigo”

O conteúdo do filme parece não ter impacto apenas nos interesses das Paris Filmes. Wagner Moura, que também é ator, afirmou à reportagem que ‘pela primeira vez na vida’ sentia medo de vir ao Brasil.

“Sempre que vou ao Rio ou a São Paulo, tenho que tomar cuidado. É de partir o coração”, acrescentou. Moura também é famoso por interpretar o papel do Capitão Nascimento nos filmes de Tropa de Elite, além de viver Pablo Escobar para a série Narcos, da Netflix.

Apesar de não ter previsão de estreia no Brasil, Marighella estreou em fevereiro no Festival de Cinema de Berlim – o Berlinale -, com direito a protestos e placa homenageando a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.

Wagner Moura, a neta de Carlos Marighella, Maria, a atriz Bella Camero e Bruno Gagliasso no tapete vermelho (Foto: Tobias SCHWARZ / AFP)

“Nosso filme não é obviamente somente sobre os que resistiram nas décadas de 1960 e 1970, mas é também sobre os que estão resistindo agora”, disse o diretor na ocasião.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo