Cultura

Tia Surica resgata o estilo portelense de Manacéa de compor

A pastora de 80 anos lança álbum do compositor que a levou para Velha Guarda da Portela e que em 2021 completa um século de nascimento

Tia Surica. Foto: Bruno Veiga/Divulgação.
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Portela foi e é o maior reduto de compositores em uma escola de samba. Os sambistas da agremiação mais antigos tinham um estilo próprio de compor, com letras simples, diretas e de poucos versos, mas com melodias rebuscadas para o gênero.

Manacé José de Andrade, conhecido como Manacéa (1921-1995), é um dos grandes exemplos dessa forma de compor. Autor do clássico Quantas Lágrimas (“Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado…”), deixou outros sambas, uns mais conhecidos outros menos.

A pastora da Portela, Tia Surica, em seu terceiro álbum, acaba de lançar disco só com músicas de Manacéa, que completa 100 anos de nascimento. Ela conheceu Manacéa criança e brincava com as filhas dele com Dona Neném, baluarte da escola de samba de Osvaldo Cruz falecida ano passado aos 95 anos.

O disco também comemora os 80 anos de Tia Surica, completados em novembro de 2020. Com o nome de Conforme Eu Sou, o projeto foi viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc.

O disco conta com 12 composições, sendo 11 só de autoria de Manacéa e apenas uma, Volta, meu amor, em parceria com a filha Áurea Maria, também pastora da Velha Guarda da Portela assim como Surica. A direção musical é do violonista Paulão Sete Cordas.

“Esse trabalho é muito importante para deixar registrado num só álbum as músicas de Manacéa que, junto com os seus irmãos Aniceto e Mijinha, teve uma grande importância no estilo portelense de compor”, diz Paulão.

Além de Quantas Lágrimas, destacam-se no álbum dois grandes sambas da melhor qualidade portelense: Carro de Boi e Nascer e Florescer. Cristina Buarque participa do disco cantando Inesquecível Amor.

Além de Paulão nos violões de seis e sete cordas, o time de músicos que gravou no álbum inclui: Rogério Caetano (violão de sete cordas), Luis Barcelos (bandolim e cavaco), Paulino Dias, Rodrigo Reis (percussão), Léo Rodrigues (pandeiro), Waltis Zacarias (surdo e cuíca) e Dudu Oliveira (flauta).

Tia Surica, conhecida pelas feijoadas e outros pratos da cozinha popular que promove junto com rodas de samba, diz que se “emocionará” quando puder voltar a andar na rua sem risco de pegar coronavírus.

“Quero ouvir um bom samba, das antigas”, afirma. Mas, por enquanto, diz estar preocupado porque tem “muita gente sem emprego, sem dinheiro e lugares de comércio fechados”.

Ela reforça para as pessoas continuarem a usar máscara, passar álcool em gel nas mãos e evitar aglomeração.

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