Cultura

Romancear o morro

Em seu novo livro, Paulo Lins se transporta da temática das favelas e faz um retrato cena do nascimento do samba pós-maxixe nos bares e zona do meretrício do Estácio no Rio de Janeiro

Desde que o samba é samba, título emprestado à composição de Caetano Veloso
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por Tárik de Souza

Desde que o samba é samba


Paulo Lins


Planeta, 336 págs., R$39,90

 

Autor, em 1997, de Cidade de Deus, catapultado do livro para as telas, onde inaugurou a bem-sucedida vertente favela movie, o escritor carioca Paulo Lins transporta-se desta seara, sua conhecida e contemporânea, para o passado pesquisado, embora regido pela ficção. Desde Que o Samba É Samba, título emprestado à composição de Caetano Veloso do disco Tropicália 2, de 1993, visita a cena do nascimento do samba pós-maxixe nos bares e zona do meretrício do Estácio, a primeira escola do gênero, a Deixa Falar, e a disseminação da umbanda pelos terreiros de candomblé do Rio de Janeiro, entre 1928 e 1931.

Além de sites, Lins consultou 66 livros para tecer seu vigoroso retrato de época, situado no vértice da decolagem da era do rádio e do disco e, por consequência, da exploração dos compositores populares como mão de obra barata. Mas as virtudes documentais do livro engessam seus voos ficcionais, por vezes, atados a narrativas didáticas e diálogos artificiais.

Ainda assim, é uma bela façanha deslindar em prosa e versos (com citações de sambas reais) a saga, muitas vezes reprimida pela polícia, de compositores e malandros como Brancura, Baiaco, Ismael Silva, Bide (apontado como criador do tamborim e do surdo), João Mina (cuíca), Nilton Bastos, Rubem Barcelos e Benedito Lacerda. Vários deles são citados apenas por uma parte do nome, como ainda os cantores (Carmen) Miranda e (Francisco) Alves, este um notório comprador de sambas, e intelectuais entusiastas deste caldo cultural como Manuel (Bandeira), Mário (de Andrade), (Augusto Frederico) Schmidt e (Carlos) Drummond. O polêmico diálogo do homossexualismo explícito assumido por Silva e Mário, numa era repressora de enrustidos e entendidos, é apenas um detalhe nos conflitos entre ficção e realidade do livro.

por Tárik de Souza

Desde que o samba é samba


Paulo Lins


Planeta, 336 págs., R$39,90

 

Autor, em 1997, de Cidade de Deus, catapultado do livro para as telas, onde inaugurou a bem-sucedida vertente favela movie, o escritor carioca Paulo Lins transporta-se desta seara, sua conhecida e contemporânea, para o passado pesquisado, embora regido pela ficção. Desde Que o Samba É Samba, título emprestado à composição de Caetano Veloso do disco Tropicália 2, de 1993, visita a cena do nascimento do samba pós-maxixe nos bares e zona do meretrício do Estácio, a primeira escola do gênero, a Deixa Falar, e a disseminação da umbanda pelos terreiros de candomblé do Rio de Janeiro, entre 1928 e 1931.

Além de sites, Lins consultou 66 livros para tecer seu vigoroso retrato de época, situado no vértice da decolagem da era do rádio e do disco e, por consequência, da exploração dos compositores populares como mão de obra barata. Mas as virtudes documentais do livro engessam seus voos ficcionais, por vezes, atados a narrativas didáticas e diálogos artificiais.

Ainda assim, é uma bela façanha deslindar em prosa e versos (com citações de sambas reais) a saga, muitas vezes reprimida pela polícia, de compositores e malandros como Brancura, Baiaco, Ismael Silva, Bide (apontado como criador do tamborim e do surdo), João Mina (cuíca), Nilton Bastos, Rubem Barcelos e Benedito Lacerda. Vários deles são citados apenas por uma parte do nome, como ainda os cantores (Carmen) Miranda e (Francisco) Alves, este um notório comprador de sambas, e intelectuais entusiastas deste caldo cultural como Manuel (Bandeira), Mário (de Andrade), (Augusto Frederico) Schmidt e (Carlos) Drummond. O polêmico diálogo do homossexualismo explícito assumido por Silva e Mário, numa era repressora de enrustidos e entendidos, é apenas um detalhe nos conflitos entre ficção e realidade do livro.

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