Cultura

Robert Mitchum, Bad Boy profissional

Talento, carisma e falsa fama de cínico e indolente fizeram do ator americano um dos grandes nomes de Hollywood

Robert Mitchum, talento, carisma e falsa fama de cínico e indolente
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Se houve um ator norte-americano a encarnar o desprezo pela autoridade e o desrespeito aos bons costumes, ele foi Robert Mitchum (1917-1997), que entretanto, fez isso com classe.

Filho de um ferroviário de Connecticut, Mitchum perdeu o pai quando tinha 2 anos. Na adolescência, foi expulso da escola e viajou clandestinamente de trem pelo país. Fez bicos como estivador, cavador de valas, pugilista amador etc. Aos 14, foi preso por vadiagem.

Essa vida errante o levou por fim a uma companhia de teatro amador em Long Beach, Califórnia, e a pequenos papéis em Hollywood a partir de 1942. A indicação ao Oscar de coadjuvante por Também Somos Seres Humanos (William Wellman, 1945) alçou-o ao estrelato.

Com seus olhos de ressaca, seu meio-sorriso irônico e sua voz grave e profunda, encarnou o anti-herói de inúmeros filmes noir da RKO. “Eu usava o mesmo terno e os mesmos diálogos. Só mudavam o título do filme e a atriz”, dizia. Mas estrelou também faroestes e melodramas, geralmente no papel do bad boy. Os mais marcantes foram o sacerdote perverso de O Mensageiro do Diabo e o vingativo ex-prisioneiro de O Círculo do Medo.

Ficou 50 dias preso em 1949 por uso de maconha e o escândalo, em vez de liquidar sua carreira, deu-lhe um novo impulso.

Apesar da bebida e das brigas, atuou em mais de 130 filmes e impôs respeito por seu talento e carisma. Cultivava sua fama de cínico e indolente: “Faço filmes para pegar mulher, fumar uma erva e levantar uma grana”. Uma vez Howard Hawks lhe disse: “Você é uma farsa. É um dos sujeitos que conheço que mais trabalham”. Mitchum respondeu: “Não espalhe”.

DVDs

Fuga do Passado (1947)


Jeff Bailey (Mitchum), dono de um posto de gasolina, é procurado por um gângster (Kirk Douglas) com cuja mulher (Jane Greer) ele se envolveu anos atrás, quando era detetive particular. O passado vem à tona em flash-back neste eletrizante policial noir de Jacques Tourneur, o primeiro filme em que Mitchum foi protagonista.

El Dorado (1966)


No vilarejo de El Dorado, um pistoleiro (John Wayne) se une ao xerife alcoólatra J. P. Harrah (Mitchum), seu velho amigo, para enfrentar o bandido (Edward Asner) que inferniza a região. Faroeste tenso e preciso de Howard Hawks, quase um remake de seu Rio Bravo. Também no elenco o então jovem James Caan.

Cabo do Medo (1991)


Depois de 14 anos na cadeia, o assassino Max Cady (De Niro) quer se vingar de seu advogado (Nick Nolte). Neste remake, Scorsese embaralha as figuras do original (Círculo do Medo, J. Lee Thompson). Mitchum, que foi o bandido no filme de 1962, aqui é tenente de polícia. Gregory Peck, que foi sua vítima, agora é seu advogado.

Se houve um ator norte-americano a encarnar o desprezo pela autoridade e o desrespeito aos bons costumes, ele foi Robert Mitchum (1917-1997), que entretanto, fez isso com classe.

Filho de um ferroviário de Connecticut, Mitchum perdeu o pai quando tinha 2 anos. Na adolescência, foi expulso da escola e viajou clandestinamente de trem pelo país. Fez bicos como estivador, cavador de valas, pugilista amador etc. Aos 14, foi preso por vadiagem.

Essa vida errante o levou por fim a uma companhia de teatro amador em Long Beach, Califórnia, e a pequenos papéis em Hollywood a partir de 1942. A indicação ao Oscar de coadjuvante por Também Somos Seres Humanos (William Wellman, 1945) alçou-o ao estrelato.

Com seus olhos de ressaca, seu meio-sorriso irônico e sua voz grave e profunda, encarnou o anti-herói de inúmeros filmes noir da RKO. “Eu usava o mesmo terno e os mesmos diálogos. Só mudavam o título do filme e a atriz”, dizia. Mas estrelou também faroestes e melodramas, geralmente no papel do bad boy. Os mais marcantes foram o sacerdote perverso de O Mensageiro do Diabo e o vingativo ex-prisioneiro de O Círculo do Medo.

Ficou 50 dias preso em 1949 por uso de maconha e o escândalo, em vez de liquidar sua carreira, deu-lhe um novo impulso.

Apesar da bebida e das brigas, atuou em mais de 130 filmes e impôs respeito por seu talento e carisma. Cultivava sua fama de cínico e indolente: “Faço filmes para pegar mulher, fumar uma erva e levantar uma grana”. Uma vez Howard Hawks lhe disse: “Você é uma farsa. É um dos sujeitos que conheço que mais trabalham”. Mitchum respondeu: “Não espalhe”.

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Fuga do Passado (1947)


Jeff Bailey (Mitchum), dono de um posto de gasolina, é procurado por um gângster (Kirk Douglas) com cuja mulher (Jane Greer) ele se envolveu anos atrás, quando era detetive particular. O passado vem à tona em flash-back neste eletrizante policial noir de Jacques Tourneur, o primeiro filme em que Mitchum foi protagonista.

El Dorado (1966)


No vilarejo de El Dorado, um pistoleiro (John Wayne) se une ao xerife alcoólatra J. P. Harrah (Mitchum), seu velho amigo, para enfrentar o bandido (Edward Asner) que inferniza a região. Faroeste tenso e preciso de Howard Hawks, quase um remake de seu Rio Bravo. Também no elenco o então jovem James Caan.

Cabo do Medo (1991)


Depois de 14 anos na cadeia, o assassino Max Cady (De Niro) quer se vingar de seu advogado (Nick Nolte). Neste remake, Scorsese embaralha as figuras do original (Círculo do Medo, J. Lee Thompson). Mitchum, que foi o bandido no filme de 1962, aqui é tenente de polícia. Gregory Peck, que foi sua vítima, agora é seu advogado.

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