Cultura

Polvo natalino

Nada nos impede de fazer seja lá o que for no Natal, tilápia, tofu ou até uma receita detox

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Se bem me lembro foi nesse ano que cheguei a pedir conselhos para os leitores e leitoras sobre o cozimento do polvo. Sugestões vieram, incluindo aquela que recomenda a colocação de uma rolha, rolha de vinho, dentro da panela. Não faz muito, em meu freezer repousava um parente próximo daquele ser que deixou o Kirk Douglas em maus lençóis no filme Vinte Mil Léguas Submarinas. E esse é um detalhe que não pode passar despercebido: o bicho estava congelado. Pesquise, navegue e você verá que são muitos os cozinheiros que recomendam que o polvo seja congelado para que suas fibras se quebrem, deixando-o mais macio.

Essa sugestão, se verdadeira ou não, me parece bem mais razoável que a da rolha. E essa, acredite, cheguei a ver em alguns sites espanhóis que, todavia, faziam questão de assinalar que isso é um costume sem precisão científica.

Fui cá e lá, por vários países, até que cheguei a um singelo canal português, no qual uma tímida mocinha me passou uma receita de um polvo de Natal. Eu nunca pensei em comer polvo no Natal e nunca soube que em algum local pudesse ser ele tão popular como o peru, mas a minha ignorância não tem limites. A exemplo de meu chefe, pensando cá com meus botões, nada nos impede de fazer o que for no Natal: tilápia de Natal, pão com manteiga de Natal, tofu com quinoa natalino ou até uma receita detox de Natal.

Já aviso que não foi só a moça tímida de Portugal que eu vi cozer o polvo da maneira que descrevo a seguir: peguei o polvo já descongelado, claro, e bem lavado, e o coloquei em uma panela. Tempero nenhum, gordura nenhuma. Fogo baixo, tampa e ele foi soltando sua água e cozinhando.

O cálculo é de uma hora por quilo. Fui nessa e me dei bem. O melhor: ficou com bom aspecto, não perdeu as ventosas, o que invariavelmente acontece quando o coloco na pressão.

A receita vai além disso. Sim, esqueci de dizer que estava eu a procurar uma boa receita de polvo assado. Na paralela, enquanto o polvo cozinhava na panela, levei ao forno uma forma, de bom tamanho, com batatas, cebolas, azeitonas e pimentões.

Polvo em uma boca, forma no forno e, em uma frigideira, refoguei alguns dentes de alho, joguei um quilo de tomates sem pele e sem sementes, picadinhos, um copo de vinho branco e deixei andar por poucos minutos. Tem sempre a parte do sal, de um pouco de pimenta moída, mas isso eu sempre acredito que está incluso no conhecimento de quem cozinha.

A mocinha sugeriu chouriço picado no molho. Não obedeci porque minha audiência não aprecia o embutido. Mas ainda o farei. O mar e o porco conversam de maneira espetacular. Polvo quase no ponto, forma com batatas quase no ponto e molho de tomates no ponto. Arruma-se lugar na forma, ajeita-se o polvo, que veio bonito, inteiro e, sobre ele, o molho de tomates. E mais um copo de vinho branco sobre tudo.

Vou dizer até que vinho usei. Foi um grego, Kallisti. Um vinho muito bem-conceituado e nada barato. Mas o vinho branco  prega essas peças de vez em quando: alguns costumam ter uma personalidade muito particular. Não consegui entender o vinho. Não nos entendemos e o que estava acontecendo não era a recusa de um vinho ruim. O vinho é bom, mas não para o meu paladar e, ao longo de anos de estudo e provas, o que concluímos, todos que estudam o assunto com seriedade, é que vinho bom é aquele que você gosta. Se você gosta do branco da garrafa azul, claro que você tem problemas… (risos).

No polvo o estranho grego se transformou em um bom amigo e a conversa rolou. Sem cobertura, ele permaneceu dentro do forno a  180º por uns 30 minutos. O resultado é bom. Prove e tenha um feliz Natal ou feliz Páscoa ou feliz aniversário.

Se bem me lembro foi nesse ano que cheguei a pedir conselhos para os leitores e leitoras sobre o cozimento do polvo. Sugestões vieram, incluindo aquela que recomenda a colocação de uma rolha, rolha de vinho, dentro da panela. Não faz muito, em meu freezer repousava um parente próximo daquele ser que deixou o Kirk Douglas em maus lençóis no filme Vinte Mil Léguas Submarinas. E esse é um detalhe que não pode passar despercebido: o bicho estava congelado. Pesquise, navegue e você verá que são muitos os cozinheiros que recomendam que o polvo seja congelado para que suas fibras se quebrem, deixando-o mais macio.

Essa sugestão, se verdadeira ou não, me parece bem mais razoável que a da rolha. E essa, acredite, cheguei a ver em alguns sites espanhóis que, todavia, faziam questão de assinalar que isso é um costume sem precisão científica.

Fui cá e lá, por vários países, até que cheguei a um singelo canal português, no qual uma tímida mocinha me passou uma receita de um polvo de Natal. Eu nunca pensei em comer polvo no Natal e nunca soube que em algum local pudesse ser ele tão popular como o peru, mas a minha ignorância não tem limites. A exemplo de meu chefe, pensando cá com meus botões, nada nos impede de fazer o que for no Natal: tilápia de Natal, pão com manteiga de Natal, tofu com quinoa natalino ou até uma receita detox de Natal.

Já aviso que não foi só a moça tímida de Portugal que eu vi cozer o polvo da maneira que descrevo a seguir: peguei o polvo já descongelado, claro, e bem lavado, e o coloquei em uma panela. Tempero nenhum, gordura nenhuma. Fogo baixo, tampa e ele foi soltando sua água e cozinhando.

O cálculo é de uma hora por quilo. Fui nessa e me dei bem. O melhor: ficou com bom aspecto, não perdeu as ventosas, o que invariavelmente acontece quando o coloco na pressão.

A receita vai além disso. Sim, esqueci de dizer que estava eu a procurar uma boa receita de polvo assado. Na paralela, enquanto o polvo cozinhava na panela, levei ao forno uma forma, de bom tamanho, com batatas, cebolas, azeitonas e pimentões.

Polvo em uma boca, forma no forno e, em uma frigideira, refoguei alguns dentes de alho, joguei um quilo de tomates sem pele e sem sementes, picadinhos, um copo de vinho branco e deixei andar por poucos minutos. Tem sempre a parte do sal, de um pouco de pimenta moída, mas isso eu sempre acredito que está incluso no conhecimento de quem cozinha.

A mocinha sugeriu chouriço picado no molho. Não obedeci porque minha audiência não aprecia o embutido. Mas ainda o farei. O mar e o porco conversam de maneira espetacular. Polvo quase no ponto, forma com batatas quase no ponto e molho de tomates no ponto. Arruma-se lugar na forma, ajeita-se o polvo, que veio bonito, inteiro e, sobre ele, o molho de tomates. E mais um copo de vinho branco sobre tudo.

Vou dizer até que vinho usei. Foi um grego, Kallisti. Um vinho muito bem-conceituado e nada barato. Mas o vinho branco  prega essas peças de vez em quando: alguns costumam ter uma personalidade muito particular. Não consegui entender o vinho. Não nos entendemos e o que estava acontecendo não era a recusa de um vinho ruim. O vinho é bom, mas não para o meu paladar e, ao longo de anos de estudo e provas, o que concluímos, todos que estudam o assunto com seriedade, é que vinho bom é aquele que você gosta. Se você gosta do branco da garrafa azul, claro que você tem problemas… (risos).

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