Cultura

Para Karina Buhr, live na internet “elitizou” ainda mais a música

Versátil, cantora investe na quarentena em ilustrações, expressão artística que já atuava de forma esporádica

Karina Buhr
Para Karina Buhr, “a lógica que se impôs (na quarentena) foi a do mainstream”. Foto: Priscilla Buhr Para Karina Buhr, “a lógica que se impôs (na quarentena) foi a do mainstream”. Foto: Priscilla Buhr
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Uma das primeiras vozes do meio artístico a expor preocupação com o cancelamento de espetáculos quando o isolamento teve início por conta da pandemia do novo coronavírus, Karina Buhr aponta, sete meses depois, que a música ficou ainda mais elitista. 

 

Pela rede social, a cantora, compositora e percussionista avisava em março que, enquanto produções tentavam adiar projetos, “os boletos não ficarão de quarentena”. E não ficaram.

“Quando fui reclamar publicamente, ouvi: ‘Olha, tem gente que está muito pior’. Uma outra pessoa disse: ‘Se está ruim para você, imagina para mim que sou músico independente’. Mas eu sou artista independente também”, conta ela. 

“Não tenho uma estrutura que me garanta passar esse tempo todo sem trabalho. Muita gente está nessa situação. Tem muitas maneiras de trabalhar com música e as pessoas vivem de formas diferentes”, diz.  

“Aí tem a coisa vista de maneira romantizada, do artista que ganha muito, que está no mainstream. E o músico que toca em bar, como ele faz? Tem muitas maneiras de fazer música”.

Aliás, para Karina Buhr, “a lógica que se impôs (na quarentena) foi a do mainstream”, com os acontecimentos se moldando a ele: “Elitizou ainda mais”.

As lives que tomaram conta das redes sociais, explica ela, exige boa conexão na internet, equipamentos de som e produção. “E você fica tentando se adaptar de alguma maneira. Aí o artista que tem toda a estrutura a live vai ter milhões de views. Quem não tem estrutura fica no suspense. A maioria está a Deus dará”.

Karina Buhr conta que nesse período de pandemia só fez uma live com cachê. Mas ela diz não ser muito adepta ao formato, nem para fazer show nem assistir. 

“Não tenho equipamento necessário para fazer um som massa na live. Não é o que gostaria para mostrar. O som dos tambores para captar é complicado. Tem que ter um técnico junto. Show é um trabalho de muita gente. Prefiro live para bater papo”.

A cantora, porém, reconhece as lives como sendo importante para manter contato com o público e fazer interação com ele. 

Ilustradora

Buhr é versátil. Além da música, já fez vários trabalhos no teatro (como no Oficina, comandado por Zé Celso) e escreve bem – lançou em 2015 um livro de poesia, o Desperdiçando Rima. Mas não é só: também atua de ilustradora.

Ela rememora que se sempre desenhou as capas do disco Comadre Fulozinha, banda que formou nos anos 1990. E também participava eventualmente de exposição e bazares com suas ilustrações. 

“Estou isolada direta. Então comecei a fazer (ilustração). Vai ser meu trabalho por agora. Quero continuar e intensificar”. Buhr passou a vender os desenhos na rede social depois de superar os primeiros momentos da pandemia “sem vontade de fazer nada”.

As ilustrações vão de personagens e situações de transformação a desprendimento da realidade.

A cantora havia lançado ano passado o seu quarto álbum, o sólido e bom Desmanche

“Tinha colocado toda energia naquilo, e depois fico meio ano dentro de casa. Quando vi fez um ano do lançamento do disco, que é um trabalho novo, que a gente fez poucos shows. Ia tocar no México pela primeira vez. Um monte de coisa legal. A vontade é de quando acabar (a pandemia) ir para rua com esse disco”, finaliza.

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