Othon Bastos, de ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, completa 90 anos

O ator Othon Bastos completa 90 anos nesta terça-feira 23. Nascido em Tucano, no sertão da Bahia, ele é considerado um dos maiores nomes da história da dramaturgia brasileira.

Ao longo de mais de setenta anos de carreira, Othon Bastos atuou em cerca de oitenta filmes, muitos dos quais entraram para o imaginário cinematográfico e cultural do País. Em 1962, participou de O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, único longa brasileiro a vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Seu papel mais emblemático, porém, veio no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), dirigido por Glauber Rocha, no qual Bastos interpreta o cangaceiro Corisco. O filme é considerado um marco do Cinema Novo e da modernidade no cinema brasileiro.

Também no cinema, Othon Bastos foi Betinho em Capitu (1968), de Paulo César Saraceni, o Professor em Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha, e o Homem de Os Deuses e os Mortos (1970), de Ruy Guerra. Mais recentemente, participou de Central do Brasil (1998), de Walter Salles – filme que levou Fernanda Montenegro a concorrer ao Oscar de Melhor Atriz -, e de Bicho de Sete Cabeças (2000), de Laís Bodanzky.

Nos palcos, Othon Bastos realizou parcerias com o diretor José Celso Martinez Corrêa, ao participar, nos anos 1960, no Teatro Oficina, em São Paulo, das montagens de Na Selva das Cidades e Galileu Galilei, de Bertolt Brecht. Outras participações importantes de Bastos no teatro brasileiro foram nas peças Pequenos Burgueses, de Gorki, As Três Irmãs, de Tchekhov, Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, e Calabar – O Elogio da Traição, de Chico Buarque e Ruy Guerra.

Além disso, Othon Bastos ficou conhecido por diversas interpretações que fez na televisão brasileira, especialmente na Globo.

Ainda ativo na dramaturgia, Othon Bastos participou, recentemente, do curta-metragem Esta noite seremos felizes, ao lado da atriz Bete Mendes. O filme, que ainda será lançado, é dirigido por Diego dos Anjos, que também fez o roteiro, ao lado de Daniel Fraiha.

Homenageando os 90 anos de Othon Bastos, Fernanda Montenegro referiu-se ao ator, em depoimento ao jornal Folha de S.Paulo, como um “vocacionado absoluto na nossa profissão”. “Sempre que vemos uma interpretação sua, logo concluímos que só ele pode alcançar essa altura, essa integração absoluta. Só ele”, declarou a atriz.