Cultura
Oficinas de contação de histórias tratam de temas indígenas e africanos
A exposição oral gratuita, que acontece virtualmente de 24 a 27 de maio, ressalta a transmissão da cultura dos índios e negros às crianças
A proposta é fazer uma introdução à prática de contação de histórias de temas pouco tratados por essa atividade, mas que estão próximos a nós: a cultura negra e a dos índios. No curso, aberto ao púbico em geral, o participante terá oportunidade de refletir sobre elementos importantes dessas narrativas.
Na oficina Sensibilização para a Arte de Contar Histórias, conduzida por Rosana Borges, o ponto de partida é a cosmovisão e a oralidade como transmissão de saberes dos povos indígenas. Contadora de histórias, Rosana integra o Coletivo Cafuzas, que pesquisa e desenvolve projetos de temáticas indígenas e africanas há quase 10 anos.
Na história Árvore de Tamoromu, do povo indígena Wapixana, a ser narrada na oficina, uma cutia encontra uma árvore gigante que carrega todos os frutos para colher e se alimentar. A narrativa centra nessa árvore, que auxilia as crianças de todas as idades a integrar conteúdos, individuais e coletivos, organizar e conhecer o mundo, por meio de metáforas, sensações, sentimentos e emoções.
Já na oficina Contação de Histórias Pretas Literatura de Erê, a pedagoga Niní Kemba Náyọ̀ apresenta habilidades para a realização de contação de histórias infantis da literatura negra. As contações são inspiradas nos Djelis e Djelimussos do Mali.
De acordo com a contadora de histórias pretas, os livros apresentados fazem com que as crianças negras se veem inseridas como belas, inteligentes, potentes e ligadas a ancestralidade.
No conto popular da Guiné-Bissau, A Origem do Tambor, a ser apresentado na oficina, macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à lua a fim de trazê-la para a Terra. O menor deles teve a ideia de montar uns por cima dos outros, até que um conseguisse chegar à lua. Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na lua.
A lua, então, lhe deu a mão e o ajudou a subir. A lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho. O macaquinho foi sentindo saudades de casa e resolveu pedir à lua que o deixasse voltar. A lua o amarrou ao tamborinho, para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não o tocasse antes de chegar à Terra.
Na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a lua pensou que o Macaquinho havia chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pôde dizer a uma moça que o encontrou que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.
As oficinas são realizadas pelo Artium Educativo, área do Instituto Artium de Cultura. Os eventos são online e gratuitos.
Nos dias 24 e 26 de maio, das 19h às 21h, ocorre a oficina Sensibilização para a Arte de Contar Histórias.
Nos dias 25 e 27 de maio, das 19h às 21h, acontece a oficina Contação de Histórias Pretas Literatura de Erê.
Inscrições das oficinas no site https://forms.gle/hBQbk8YCBy9Bho6LA
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