Cultura
Na web, Mônica Salmaso exibe duos descontraídos com músicos convidados
Reclusa em casa, cantora passa o dia preparando os duetos e diz estar preocupada com os negacionistas do novo coronavírus
O projeto “Ô de Casas”, de Mônica Salmaso, é uma das boas lives para se assistir nas redes sociais nesse tempo de isolamento por conta da epidemia do novo coronavírus. A cantora, com sua afinadíssima voz, tem apresentado cada dia um músico diferente acompanhando-a.
A lista de quem já esteve com ela até o momento é de peso: Joyce, Cristovão Bastos, Chico César, Moacyr Luz, Guinga, Teresa Cristina, João Cavalcanti, o violonista João Camarero, o pianista André Mehmari, e por aí vai.
“Nasceu de um jeito espontâneo. Não toco nenhum instrumento harmônico. Não seguraria uma live cantando a capela. Mas queria oferecer algo em função da quarentena”, diz. Conta ela que a ideia surgiu quando entrou numa transmissão ao vivo do cantor Alfredo Del Penho e experimentou o formato de vídeo em duo, com a tela dividida ocupada por cada um.
A partir daí, resolveu fazer os vídeos gravados e não ao vivo – mas exibe-os como se fosse. Eles combinam a música, o tom e ensaiam previamente. Cada um grava sua parte em casa e depois ela e o músico Teco Cardoso fazem a edição em um programa gratuito baixado na internet.
“Ô de casas é porque cada um está em sua casa”, justifica o nome do projeto. Os programas não têm cenário, nem equalização e o som é gravado pelo próprio computador ou disposto móvel. Só se usa o recurso da adequação do tamanho de imagem dos músicos que aparecem lado a lado na tela.
No vídeo, os músicos se apresentam à vontade. A descontração traz leveza nesse período de inquietação. A produção limitada não atrapalha as enigmáticas apresentações musicais de uma canção de cada vez, previamente gravadas e depois disponibilizadas na rede social da cantora.
Alívio
Salmaso cita que o projeto tem sido um alívio diário ao isolamento social. “Tenho me preocupado se vamos passar ileso ou não. Quem vai ser contaminado? Isso dá muita agonia”.
A intérprete comenta que o momento é ao mesmo tempo “terrível” e curioso. Lembra que várias atividades antes muito criticadas ganharam papel fundamental contra a pandemia, como a imprensa, a ciência, a educação e a arte para “humanizar” e “suportar” esse momento de confinamento.
“Elas (as atividades) eram bombardeadas e são bombardeadas diariamente por esse governo insano”. E vai além: “Tenho preocupação com essas pessoas negacionistas (da pandemia), que insistem em não ver uma coisa que acontece no planeta inteiro. Isso me impressiona. Plantou-se um inimigo. Assistir isso é assustador.”
Ela avalia que a situação “é uma grande oportunidade para entender que somos parte de uma coisa única que é o nosso planeta”.
Álbum adiado
Mônica Salmaso lançou o último álbum, o 11º da carreira, há três anos. Com o nome de Caipira, o trabalho é sensível e a sua voz impecável percorre o puro cancioneiro rural. A cantora informa que estava para lançar um álbum que gravou com Guinga, Teco Cardoso e Nailor Proveta (sopros) durante uma turnê que fizeram em abril ano passado no Japão, mas foi adiado por conta da pandemia.
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