Cultura

Músicos que morreram na 2ª onda da Covid-19 eram referência

No segundo momento da pandemia, a partir de dezembro, alguns artistas importantes no meio se foram por conta do vírus

Foto: br.freepik.com
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Alguns nomes da música partiram na segunda onda da pandemia, que começou a ganhar proporção maior a partir de dezembro. Parte deles era pouco conhecida do grande público, mas tinha (e tem) relevância musical, principalmente junto aos seus pares.

O mais recente deles a nos deixar em decorrência da Covid-19 foi Izael Caldeira, o Catraca, aos 79 anos, no dia 15 de fevereiro. Integrante do Demônios da Garoa desde 1999, ele entrou no grupo na época do afastamento de Arnaldo Rosa, fundador da banda e que veio a falecer no ano seguinte.

Arnaldo Rosa era a identidade do Demônios da Garoa desde sua fundação em 1943, com seu estilo gaiato no palco. Izael fazia voz e tocava timba (percussão) e preservou com louvor esse papel, essa marca, que dá título ao grupo paulista de fazer samba com introduções vocais irreverentes, como “pas calin gun dum” e “quais quais quais”.

No dia 23 de janeiro, morreu Antenor Marques Filho, conhecido como Gordinho do Surdo, aos 75 anos, também vítima do coronavírus. Gordinho foi referência na percussão.

O músico carioca era unanimidade entre os percussionistas, o que quer dizer muita coisa porque há inúmeros instrumentistas de percussão de primeira linha no Brasil. O jeito sútil e harmonioso de tocar surdo, um instrumento de som grave e forte, o fez tornar-se um mestre da percussão no País.

No dia 30 de janeiro foi-se também por conta da pandemia Liber Gadelha, aos 64 anos, vítima de complicações causadas pelo coronavírus. O guitarrista foi um dos grandes produtores da indústria da música.

Liber Gadelha fundou nos anos 1990 a Indie Records, gravadora independente que pôs fôlego na carreira de Luiz Melodia, e produziu álbuns do primeiro time da música brasileira, como Emílio Santiago, Alcione, Beth Carvalho e por aí vai. Apresentou ao País o compositor Jorge Aragão, por meio do lançamento de um trabalho ao vivo (característico do catálogo da Indie Records), que o fez decolar (um tanto tardiamente) na música.

No ano passado, no dia 11 de dezembro, a morte de Ubirany, 80 anos, do Grupo Fundo de Quintal, por conta da segunda onda da Covid-19, foi outra perda grande no meio musical. Fundador do grupo, foi criador do repique de mão, um dos mais revolucionários instrumentos de percussão inventados nos últimos tempos.

O repique de mão trouxe ao samba um som mais ameno e limpo e menos abafado que o repinique, instrumento que deu origem a criação de Ubinary. Ele foi muito bem incorporado ao samba contemporâneo, em busca de mais diversidade de instrumentação musical, indo além da formação tradicional de se executar o gênero.

Ubirany ainda dançava elegantemente o miudinho durante os shows do Fundo de Quintal, resgatando a tradição centenária do samba de roda, de passos curtos, ao ritmo da percussão e da harmonia.

Há outros nomes da música que morreram nessa chamada segunda onda da pandemia, alguns com expressão nacional outros mais conhecidos regionalmente. O fato é que o meio tem sido atingido em cheio pelo novo coronavírus.

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