Cultura

MITsp leva teatro contemporâneo internacional a SP

A mostra, com encenadores da Rússia, da Alemanha, da Ucrânia e de Israel, entre outros, foi idealizada em ‘três eixos’ e trará releitura de clássicos

A Gaivota, texto clássico de Anton Tchekhov, com direção de Yuri Butusov. Foto de João Valério
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Criar um ambiente para a vivência e a reflexão do espaço cênico é um dos objetivos da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), em cartaz na capital paulista. Além de apresentar relevantes trabalhos centrados na experimentação e investigação, a 2.ª edição do evento cria um espaço para a se discutir e viver o teatro contemporâneo.

Neste ano, a MITsp apresenta 12 espetáculos de encenadores contemporâneos inéditos no Brasil, vindos de países como Rússia, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Ucrânia e Israel.

“Não havia em São Paulo um festival internacional com âmbito mundial, só com recorte latino ou ibero-americano. Não estávamos interessados num festival quantitativo, mas em poucos trabalhos de peso e relevância, que tivessem um comprometimento com a pesquisa e a experimentação”, diz Antonio Araújo, diretor artístico e idealizador da MITsp, em entrevista à DW Brasil.

A mostra deste ano foi idealizada em “três eixos”, sendo o primeiro a releitura de clássicos. “No ano passado, quase não tivemos releituras de clássicos na programação. Procuramos grandes textos em versões mais contemporâneas”, revela Araújo.

O diretor russo Yuri Butusov apresenta sua versão de A gaivota, de Tchekhov. E se elas fossem para Moscou? é uma adaptação de As três irmãs, também do dramaturgo russo, que ganha sua versão brasileira com direção de Christiane Jatahy.

Senhorita Julia, de August Strindberg, aparece em duas adaptações, uma brasileira, também dirigida por Jatahy, e outra alemã, com direção de Leo Wagner e da britânica Kate Mitchell. Em sua perspectiva cinematográfica, Mitchell reinventa o drama clássico numa encenação multimídia, em que o teatro converge com efeitos sonoros e filmagens ao vivo.

Woyzeck Woyzeck, de – Fotos de Lígia Jardim

Jatahy e o Ivo van Hove [Canções de muito longe] também trabalham a relação entre teatro e cinema, o segundo eixo da mostra. “Em Arquivo, Arkadi Zaides dá câmeras para os palestinos filmarem os territórios ocupados. Com esse material documental, ele constrói corporalmente essas imagens”, diz Araújo.

O terceiro eixo da MITsp são zonas de conflitos. Além da questão Israel-Palestina, o festival também cria uma espécie de “território de diálogo” entre a Rússia – presente na programação não somente com A gaivota, mas também com OPUS No.7, de Dmitry Krymov – e a Ucrânia, com Woyzeck, de Andriy Zholdak.

“Criamos um espaço de coabitação temporária entre russos e ucranianos. Vejo isso como uma ação política do festival, ainda que os espetáculos não falem diretamente do conflito, que eu acredito ter sido pouco problematizado no Brasil”, afirma o diretor.

Além da exibição de espetáculos, o festival busca a reflexão e a crítica através de debates e conversas entre convidados e o público. A série Olhares críticos reúne atividades que buscam a fomentação do pensamento dentro e fora do espaço cênico. Após todos os espetáculos, há uma discussão com intelectuais de diversas áreas sobre as montagens.

“Fizemos parcerias com universidades de artes cênicas brasileiras. Professores vão dar palestras sobre artistas e companhias presentes na seleção e escrever artigos inéditos sobre os espetáculos”, conta o diretor.

Durante o festival, críticos escrevem diariamente textos sobre os espetáculos. As críticas são, então, distribuídas ao público. O evento também busca o intercâmbio pedagógico entre profissionais da área.

“Temos várias atividades com diretores das companhias, criando ações de intercâmbio, oficinas, cursos, palestras, workshops práticos para profissionais e estudantes de artes cênicas”, diz Araújo.

A 2ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) vai até o próximo domingo (15/03). Os espetáculos são realizados em vários teatros da cidade.

  • Autoria Marco Sanchez

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