Cultura

Marcelo D2 diz que novo álbum o moveu da desesperança para mudança

No trabalho com participação de dezenas de artistas, músico mostra enorme capacidade de criação na quarentena

Marcelo D2
MarceloD2. Foto: Ronaldo Land/Divulgação MarceloD2. Foto: Ronaldo Land/Divulgação
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Com Assim Tocam Meus Tambores, Marcelo D2 supera o período de isolamento com criatividade. Esse seu novo álbum é uma profusão de ideias e ressignificações de resistência e saídas pela afetividade.

“A minha proposta principal para o público é o que tomei para a minha vida. É mostrar novos caminhos de criar, para viver: a gente pode mudar as coisas”, afirma.

O novo trabalho feito no isolamento social é fruto da inquietação. “Antes mesmo da quarentena já estava me sentindo bem angustiado com o que está acontecendo com o mundo e principalmente no Brasil. Fazer esse disco mudou completamente minha visão do que a gente pode fazer ou como a gente pode sair disso. Esse disco me tirou de um lugar de falta de esperança para um lugar de mudança”. 

O trabalho tem inúmeras participações virtuais e o resultado de suas interações nas lives, com um quadro bem costurado associado à enorme capacidade de D2 de unir rima com batidas contundentes.

“Apesar do isolamento, esse é o disco mais colaborativo de todos que já fiz. Neste momento está todo mundo precisando de contato, mesmo que virtual, de afeto. Por isso tanta gente participou”. 

Colaboradores

A lista (respeitável) de participações no trabalho de D2, por ordem alfabética, conta com Anelis Assumpção, Baco Exú do Blues, BK’, Criolo (interpreta texto sobre o tambor do povo Bakongo assinado pelo historiador Luiz Antônio Simas), Da Lua, Djonga, Don L, Eduardo Santana, Helio Bentes, Ivan Conti Mamão, João Parahyba, Jorge du Peixe, Juçara Marçal, Kassin, Kiko Dinucci, Luiza Machado (sua esposa), Nobru, Ogi, Rodrigo Tavares, Rogê, Russo Passapusso, Sain (seu filho) e Thiago França. Nave, DJ Nuts, Kamau, Dr. Drumah, Barba Negra e Tropkillaz assinam ainda a produção dos beats.

Marcelo D2 faz lives pelo Twitch e colocou seguidores para ajudá-lo na realização do trabalho. 

“Os Cria”, como é chamado os assíduos de seu canal na internet, foram convocados durante as mais de 150 horas de lives nessa quarentena para dar ideias a esse novo trabalho de D2, e até puderam enviar voz para compor coro em uma das faixas.

“Esse projeto me mostrou que a gente pode ser criativo nos momentos mais difíceis. Dois meses atrás, antes de começar o projeto, eu estava preocupado. Mas agora vejo que a gente tem maneiras de criar, de fazer arte, até preso em casa”.

O novo álbum de 12 faixas de Marcelo D2 pode ser ouvido por meio de um filme. No seu trabalho lançado em 2018, Amar É para os Fortes, teve também esse conceito de registro fonográfico audiovisual, com clipe em cada faixa, contando uma história reunindo todas elas.

Mas esse filme de quase 40 minutos é intimista, feito na casa de D2, dirigido pelo próprio, com produção executiva de Luiza Machado, que também é protagonista desse vídeo (aliás, ela canta bem em uma das faixas). Para um audiovisual feito em confinamento, o resultado é surpreendente, dando ao álbum um peso maior se ouvido no formato audiovisual. 

Os 25 anos de carreira de Marcelo D2 mostram um artista bem amadurecido e seguro. O álbum novo do artista é um dos significativos registros musicais lançados nesses tempos sombrios de pandemia. O projeto trouxe conceito consistente, algo que tem faltado em projetos lançados por músicos de forma um tanto açodada na quarentena por conta da agenda de shows interrompida.

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