Cultura

Lia de Itamaracá quer ver “o povo cantar e se abraçar” pós-pandemia

A cirandeira de 76 anos inquieta-se com as incertezas do momento

Lia de Itamaracá. Foto: José de Holanda/Divulgação
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No último álbum lançado no fim do ano passado, Lia de Itamaracá resolveu navegar em mares além da ciranda. Nesse seu quarto registro fonográfico, intitulado Ciranda sem Fim, a cirandeira realiza algumas fusões musicais, introduzindo no seu trabalho uma linguagem mais universal e menos regional.

“(Esse álbum) foi importante, por que é uma banda diferente, dirigida por DJ Dolores e com base eletrônica. Queria saber de mim até onde poderia chegar com a mudança. Tem ciranda, bolero, música de Chico Cesar. Juntando tudo isso ficou muito bom”, conta.

Lia de Itamaracá teve três livros lançados sobre sua vida desde o início de 2019. Um em comemoração aos seus 75 anos, outro de Marcelo Henrique Andrade, resultado de pesquisa de mestrado pela Universidade Federal da Paraíba, e o último da jornalista Michelle de Assumpção, lançado em maio.

A ex-merendeira, que por 30 anos exerceu a função numa escola pública da Ilha de Itamaracá (PE) e nos anos 1970 começou sua carreira artística, vê a situação difícil com a pandemia.

“Veio complicar todo mundo, principalmente os artistas. Está tudo parado, sem saber o que fazer enquanto a pandemia não passar. E a gente não sabe o que vai acontecer depois”, diz.

“Espero que isso não vá muito longe, para tirar essa complicação do povo. E colocar o povo para trabalhar, cantar, se abraçar, por que ele não está se abraçando com ninguém, está todo mundo distante, cada um no seu quadrado”.

Lia conta sentir falta do público e não vê a hora de “ganhar o mundo novamente”. A cantora realizou dias atrás live e arrecadou cerca de R$ 50 mil para equipe dela. Em abril ela tinha feito também uma. Além disso, participou de várias ao lado de outros artistas.

A cantora pretende fazer live de ciranda no Natal. Na ocasião, será apresentado trechos de documentário sobre o universo da cirandeira. Com sua banda tradicional, Lia promete percorrer estilos musicais pernambucanos, incluindo maracatu, coco, frevo e, claro, ciranda.

Lia tinha um espaço na praia de Jaguaribe, na Ilha de Itamaracá, onde realizava suas cirandas. O espaço montado com troncos de coqueiro e palhas de coco desabou há alguns anos por conta das chuvas.

Maria Madalena Correia do Nascimento, a Lia de Itamaracá, tenta desde então reerguer o Centro Cultural Estrela de Lia. Mas com a pandemia e a dificuldade de venda de CDs e outros produtos ligados a cantora, fez o projeto de reconstrução parar temporariamente.

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