Cultura

Leão de Ouro coroa trajetória de Christiane Jatahy: ‘somos desvalorizados pelo governo brasileiro’

O prêmio coroa uma história em que ela e toda sua equipe uniram a pesquisa artística para ampliar as fronteiras da linguagem teatral e abordar temas políticos importantes

Foto: Christophe SIMON/AFP
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A dramaturga e diretora Christiane Jatahy será premiada com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza pelo conjunto de sua obra no teatro. A carioca, que recebeu a notícia enquanto ensaia seu próximo espetáculo no Brasil, se diz muito emocionada com o prêmio. “Em um momento em que os artistas são tão desvalorizados pelo governo brasileiro atual, ganhar um prêmio como este mostra a importância de os artistas serem apoiados”, diz a diretora.

“Christiane Jatahy funde as margens do cinema e do teatro” para “explorar aqueles territórios mais difíceis” e gritar a verdade “a cada um dos espectadores”: é assim que os responsáveis pelo prêmio de Teatro de Veneza definem o trabalho da diretora brasileira.

Diante das palavras lisonjeiras e do leão dourado, Christiane Jatahy diz estar emocionada e digerindo a novidade. “Eu estou realmente muito feliz. É um reconhecimento do meu trabalho. É o reconhecimento de uma artista brasileira, e do apoio que eu tenho recebido de muitos lugares para poder realizar este trabalho, inclusive e principalmente da França”, diz Jatahy, por telefone.

O prêmio coroa uma história em que ela e toda sua equipe uniram a pesquisa artística para ampliar as fronteiras da linguagem teatral e abordar temas políticos importantes.

“O teatro é uma grande ágora, um grande lugar de discussão política e de discussão artística. Então eu tento ser coerente com a pesquisa, mas também com o que eu acho ser importante ser falado”, define a carioca. “Meu trabalho é muito sobre o aqui e o agora, sobre a relação que um trabalho artístico pode ter com as questões políticas. E quando eu falo sobre política, eu não estou só falando da política dos políticos, mas estou falando também das questões sociais, tudo o que nos atinge e que nos atravessa.”

A diretora brasileira aproveita o prêmio para agradecer o apoio que ela tem encontrado com seus coprodutores europeus. “Eles possibilitam que eu faça meu trabalho neste momento em que é extremamente difícil desenvolver um trabalho no Brasil sem qualquer apoio”, diz.

Neste mês, a diretora ensaia seu novo trabalho “Depois do silêncio” (“Après le silence”) no Brasil. O espetáculo vai estrear em Viena em junho. No mesmo mês ela deve passar por Veneza para receber seu Leão de Ouro; depois ela segue em uma turnê europeia de festivais.

Em março, Christiane Jatahy, que é artista associada do Théâtre de l’Ódeon, estreia em Paris a sua mais nova produção “Entre Chien et Loup”. Uma peça inspirada no filme “Dogville” que leva ao palco uma reflexão sobre a capacidade dos seres humanos de aceitar as diferenças diante de um contexto de extremismos.

 

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