Cultura

Incêndio destrói museu com acervo de Lamarca no Vale do Ribeira

As obras integravam o interior do Parque Estadual do Rio Turvo; há suspeitas de que o fogo tenha sido criminoso

Foto: Prefeitura de Cajati
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Um incêndio no último domingo 26, destruiu todo o acervo e as estruturas do Museu da Capelinha, localizado no interior do Parque Estadual do Rio Turvo, no Vale do Ribeira, em São Paulo. 

O parque é conhecido por abrigar a gruta que serviu de esconderijo para o capitão Carlos Lamarca e seu grupo de 16 guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), quando eram perseguidos pela ditadura militar, em 1969. 

O museu abrigava painéis, fotos e documentos sobre a passagem de Lamarca pela região. Os itens, no entanto, não eram materiais originais do acervo pessoal, e sim “painéis relativos a eventos ocorridos no âmbito do parque”, explica em nota, a Fundação Florestal, responsável pela gestão do parque. 

Durante a ocasião, o fogo se dissipou rápido e a administração da unidade registrou a ocorrência na delegacia da Polícia Civil de Cajati. Conforme a polícia, há indícios de que o incêndio foi provocado, mas o caso ainda está sob investigação.

Após o caso, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) determinou uma reunião ordinária na última quarta-feira 29, e apontou que a ação criminosa pode não ser um fato isolado, pois, segundo o conselheiro Roberto Resende, a região é palco de conflitos fundiários pela proximidade com quilombolas e comunidades caboclas tradicionais.

A Prefeitura de Cajati emitiu uma nota de repúdio e exige esclarecimentos. “A administração municipal salienta que o responsável ou responsáveis sejam punidos pelo ato de vandalismo”, afirmam. 

Em 2017, o local foi palco de polêmica protagonizada por Ricardo Salles (PL), à época secretário do Meio Ambiente do Estado e atual deputado federal. Salles mandou retirar um busto de Lamarca que compunha um roteiro turístico sobre o fato histórico.

À coluna de Mônica Bergamo, na Folha, ele justificou a retirada dizendo que “Parque não é lugar para ter busto de herói ideológico de nenhum lado”.

Em razão disso, Salles se tornou réu em processo aberto pela Justiça de São Paulo, no fórum de Jacupiranga, para apurar a retirada e a danificação do monumento. O processo ainda não teve julgamento final e um novo busto de Lamarca foi colocado no pedestal em setembro de 2021. 

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