Cultura

Para pensar a diversidade

Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade apresenta mais de 140 filmes a partir desta quinta-feira 7, com destaque para ‘Interior. Leather Bar’, de James Franco

Apoie Siga-nos no

“O Festival começou há 20 anos, quando não tinha nem parada gay, não tinha nada. Ele exerceu o papel de fazer as pessoas pensarem sobre a diversidade”. A frase é do curador da atual edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, André Fischer, que inicia sua 21ª edição nesta quinta-feira 7 em São Paulo e no Rio de Janeiro, com a exibição de mais de 140 filmes de 32 países, apresentando as mais importantes produções acerca da igualdade de gênero e da liberdade sexual produzidos no último ano.

“Chegamos a um momento em que esse se torna um ambiente cultural de troca de ideias em um outro tipo de circunstância”, diz Fischer. “Muitas reflexões são apresentadas fora desse dia-a-dia que a gente tem no Brasil, dessa polemização dee ‘evangélicos versus gays’”, completa.

“Muitos filmes, principalmente de países onde essa questão já não é mais um drama, você vê as questões vividas de uma maneira mais natural. E é muito interessante se permitir esses estilos de vida ao público brasileiro.”

Para este ano, os curadores não escolheram um tema principal para o Festival, a exemplo das últimas edições.“Não existe um tema, mas vemos que alguns temas são recorrentes, em razão do que aconteceu no mundo naquele ano”, diz ele. “Então nas primeiras edições aparecia muito a questão de descobrir a sexualidade, se assumir. Nesse ano, por exemplo, uma questão que aparece muito forte é a da religião.” Este ano, ele afirma, a maioria das produções tem como foco os relacionamentos afetivos.

Um dos longas mais aguardados é Interior. Leather Bar, inédito no Brasil e com direção de James Franco em parceria com Travis Mathews. O filme, que será exibido na quinta-feira 7, é uma releitura de Parceiros da Noite (Cruising, no nome original), filme de 1980 estrelado por Al Pacino, do qual foram supostamente cortados 40 minutos de sadomasoquismo entre homens para que não fosse classificado como pornográfico. A nova versão é protagonizada pelo ator Val Lauren e mistura documentário e ficção, com cenas de sexo gay reais.

Produção nacional. Pela primeira vez os longas brasileiros terão uma mostra exclusiva, com a apresentação de oito filmes selecionados pela direção de Fisher e João Federici, também curador do festival. “Recebemos a inscrição de vinte longas brasileiros, o que foi um recorde. Isso é fruto de um amadurecimento conquistado ao longo das edições do festival e que nos fez sentir a necessidade desse primeiro espaço voltado para filmes nacionais serem vistos”, afirma Fisher. Ele destaca ainda que, direta ou indiretamente, todos os cineastas inscritos na categoria foram afetados pelo Festival Mix Brasil. “Todos estiveram presentes em edições anteriores e parte da formação deles foi o festival também”.

Entre os destaques nacionais estão Dizer e Não Pedir Segredo, de Evaldo Mocarzel, São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Steffen. Ambos farão suas estreias no festival. Entre os documentários, a organização aponta Tudo que Deus Criou, de André Costa Pinto e Cassandra Rios – a Safo de Perdizes, de Hanna Korich, como as produções mais esperadas.

Uma preocupação desta 21ª edição foi ampliar o alcance do evento, avançando para além do cinema, como o teatro, música, a dança e a literatura, sendo 36 intervenções artísticas ao todo. “Isso é também uma maneira de ampliar as discussões, trazer outros olhares e outros públicos”, diz Fischer.

Os shows apostam em estilos diversos, indo desde a cantora Wanessa, apontada como uma das referências da comunidade LGBT na música pop, até apostas em estilos mais modernos, como é o caso da bande Stop Play Moon.

A programação completa pode ser conferida AQUI.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo