Cultura

Depois de 11 anos, Fernanda Porto refaz carreira com novo álbum

Como no seu trabalho de estreia de 2002, a cantora produz, faz os arranjos, grava instrumentos e voz e usa programação eletrônica

Foto: Milena Rosado/Divulgação Foto: Milena Rosado/Divulgação
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O álbum Autorretrato de 2009 era para ser um grande acontecimento para Fernanda Porto. Ela vinha de três trabalhos já lançados, e preparava para voar mais alto, mas não foi o que ocorreu.

“O disco foi mal lançado pela então gravadora (EMI). Foi um baque. Não deu nenhum resultado. Foi frustrante. Nesse tempo, fiz projetos e turnês. Não estava compondo. Foi uma fase estranha. Não ter dinheiro, não ter gravadora”, lembra ela.

“Continuei ativa, mas quando você lança alguma coisa é diferente. Não sei nem como consegui manter a carreira, fazendo shows muito parecidos”.

Fernanda Porto foi uma das primeiras artistas a introduzir com desenvoltura a música eletrônica no gênero MPB. Começou em 2002 com álbum de estreia que leva o seu nome e tem o sucesso Sambassim, uma parceria dela com Alba Carvalho. No mesmo trabalho, regravou a clássica Só Tinha de Ser com Você (Tom Jobim, Aloysio de Oliveira) no estilo de música eletrônica drum and bass.

No álbum seguinte, o Giramundo (2004), com programação eletrônica, regravou Roda Viva (com participação do autor Chico Buarque). No terceiro trabalho, ao vivo, lançado em 2006, fez uma releitura ao seu modo de Sampa, de Caetano Veloso.

Sozinha

Agora, ela refaz a carreira lançando pelo seu selo (Giramundo Records) Corpo Elétrico e Alma Acústica. “Por ter ficado tanto tempo sem lançar um trabalho, me veio à vontade de voltar ao mesmo eixo do primeiro disco, que fiz sozinha”.

Nesse novo registro a cantora produz, faz os arranjos, grava instrumentos (violões e teclados) e voz e usa programação eletrônica e bass synth. A única diferença em relação ao primeiro é que dessa vez todas as letras e melodias das 15 faixas do álbum são de Fernanda Porto.

Ela vinha lançado as faixas desde de abril, até que recentemente o álbum ficou completo. Segundo ela, as canções foram surgindo numa fase criativa dos anos recentes. De 29 canções, foram selecionadas as 15 que saíram no trabalho.

Sobre o fato de conduzir sozinha o novo álbum, Fernanda Porto diz que no começo da gravação até chegou a ter uma banda no estúdio, mas não vingou.

A cantora conta que certa vez uma empresa de agenciamento artístico que resolveu analisar sua carreira, e identificou que as músicas que mais deram certo foram as que fez sozinha.

“Fiquei meio triste. Eu disse: ‘que horror’. Porque sou grande admiradora de músico. Meu DVD ao vivo tinha cerca de 30 músicos no palco. O Giramundo tem músicos fantásticos, e a música que estourou foi a que gravei sozinha”, diz.

“Não que fosse uma coisa simples, fazer de novo um disco sozinha. Mas isso pode virar um processo sem fim, porque você não tem ninguém te gerenciando. Tem música desse disco que possui quatro versões. Teve hora que isso fica sofrido. Mas foi um resgate total”.

As incursões de Fernanda Ponto na música eletrônica não são sem propósito. Ela sempre estudou e pesquisou nesse campo, inclusive na renomada Berklee College of Music, em Boston (EUA).

“Esses instrumentos eletrônicos são formas de expressão. Gosto muito de buscar sonoridades. Sempre gostei de música eletrônica, manipulação de áudio. E continuo estudando”.

O primeiro show virtual que Fernanda Porto fez durante a pandemia foi na Virada Cultural de São Paulo, no último dia 12.

No início do ano, fará uma live de lançamento do álbum Corpo Elétrico e Alma Acústica. As músicas desse trabalho têm sido lançadas em vídeo, numa gravação intimista.

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