Cultura

Com Bossa Nova, trabalho solo de Sérgio Britto pega via oposta aos Titãs

Músico vai para o quinto álbum e segue linha da música pop com ‘ingredientes da MPB’

Foto: Tony Santos/Divulgação
Apoie Siga-nos no

Depois de Purabossanova (2013), Sérgio Britto lança novo projeto pela Midas Music. Trata-se do quinto álbum solo do cantor, compositor, instrumentista e um dos fundadores da banda Titãs.

“É uma continuação e aprofundamento do último disco. É música pop com ingredientes de MPB, mas especificamente da Bossa Nova, com harmonias e melodias mais sofisticadas e ricas”, explica ele.

Britto conta ser essencial “como artista e pessoa” desenvolver uma carreira paralela. “Tem muitas coisas dentro desse universo que não cabem no trabalho da banda (Titãs) e que eu não vou deixar de fazer”, afirma.

O seu trabalho solo serão duas canções lançadas a cada três meses, perfazendo um total de 12. As duas primeiras saíram recentemente: Epifania (esta com videoclipe), só de autoria de Sérgio Britto, e a música Tradição, de Sérgio Britto e Paulo Miklos. Essa última foi gravada por Elza Soares no seu mais recente álbum Planeta Fome, e mostra bem essa outra vertente oposta aos Titãs do músico.

Formato single

O formato de lançamento de duas faixas do álbum de cada vez, até tê-lo completo depois de todos os lançamentos, reflete a maneira de como as pessoas estão consumindo e ouvindo música, basicamente a partir de plataformas e aplicativos na internet.

“A audição com esse suporte é diferente da que se fazia com discos. A tendência é que as pessoas ouçam mais de maneira pulverizada. Isso acaba privilegiando esse formato dos singles”.

O também pianista e baixista lembra que o lançamento de singles não é novidade no mercado. No meio do século passado, quando surgiu o disco de vinil, existiam o single play, um formato que cabiam duas faixas, uma de cada lado, e era empregado para difundir músicas de um álbum completo a ser lançado mais à frente.

“Resgatei essa época a ideia do compacto simples. São duas músicas, uma complementando a outra. Uma mais acessível e a outra mais conceitual. Isso faz um instantâneo melhor do que vai ser um disco como um todo”.

O último álbum dos Titãs, Trio Acústico, foi lançado ao longo desse ano por meio de três EPs. “A gente tem se adaptado ao que o mercado oferece. Lançamos uma ópera rock de 29 músicas (Doze Flores Amarelas ao vivo em 2018), todas ao mesmo tempo. Não sei se nossos fãs conseguiram ouvir direito como gostaríamos”.

Sergio Britto diz que na pandemia tem buscado não ficar parado, realizando o que tem sido possível em meio as restrições de show. Assim como em todo o meio musical, o momento tem sido “terrível”, sem saber quando volta à normalidade.

Além disso, a plataforma de streaming, que passou a ser o local de consumo de música no lugar do álbum físico, “faz pouca diferença na receita (do que ganha) de qualquer músico ou pelo menos a maioria deles”.

Assim, os shows vinham sendo a única fonte de renda, mas com a epidemia tiveram que ser cancelados e mais recentemente realizados com muitas restrições. “Claro que outros setores da sociedade foram comprometidos, mas paro nosso universo de músicos, compositores, cantores, foi muito pesado. O que procurei fazer é não ficar paralisado, e realizar o que for possível”.

Compositor de mão cheia

Para o ano que vem, além de acabar de lançar o novo álbum solo e voltar à estrada com os Titãs, Sergio Britto vislumbra mostrar por meio de regravações seu trabalho de compositor dentro da banda, “para as pessoas tomarem mais ciência do que já fiz, quais músicas são minhas”.

Com quase 40 anos de carreira, Sérgio Britto é compositor de clássicos dos Titãs, incluindo Epitáfio, Enquanto Houver Sol, Homem Primata (com Ciro Pessoa, Marcelo Fromer e Nando Reis), Diversão (com Nando Reis), Flores (com Tony Bellotto, Charles Gavin e Paulo Miklos), Go Back (com o poeta Torquato Neto), Por Que eu Sei Que É Amor (com Paulo Miklos), Miséria e Comida (com Arnaldo Antunes e Paulo Miklos).

Sérgio Britto tem outro punhado de boas composições menos conhecidas. É, sem dúvida, um dos grandes de sua geração.

Nas duas primeiras músicas lançadas nesse seu quinto projeto, Epifania tem participação de Sérgio Fouad (produção, arranjos e baixo), Mario Fabre (guitarra) e César Bottinha (violão); e Tradição, Guilherme Gê (produção, arranjos e teclado) e Dirceu Leite (sopros). Sérgio Britto toca piano nas duas faixas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo