Cultura

Cobra é um bicho que só tem rabo

Na Semana da Criança, tiro do baú algumas frases que meus quatro filhos disseram um dia

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A mãe estava dirigindo o carro e as duas crianças no banco traseiro, a filha e o amiguinho da filha. De repente, a menininha tomada pelo cupido, vira pro menininho e diz:

– Vamos contar histórias?

– Vamos!

Ela logo se arvorou:

– Eu primeiro!

E começou:

– Era uma vez uma menina que acordou muito apaixonada. Virou para o melhor amigo e disse pra ele: Vamos casar? Fim!

Terminou a historinha assim, virou pro amiguinho e disse:

– Agora é você!

Ele virou pra ela e disse:

Pode ser de terror?

Essa história aconteceu há algumas semanas com uma amiga de uma amiga minha.

Eu nunca me esqueço, lá no final dos anos 60, a revista Pais & Filhos trazia uma página inteira do Doutor Pedro Bloch chamada “Criança diz cada uma…” Foi por isso que quando meu primeiro filho nasceu, em 1977, pensei: Quando ele começar a falar, vou anotar todas essas frases engraçadas que criança diz. E fui anotando. A do primeiro filho, da segunda filha, da terceira e da quarta. Tudo anotadinho.

No ano passado, peguei os velhos cadernos e separei 150 frases. Pensei: Isso daria um livro divertido. E deu. O livro – Cobra é um bicho que só tem rabo – jamais será publicado, mas isso é outra história.

Nessa semana da criança resolvi escolher algumas dessas pérolas e colocar aqui pra vocês.

A frase que dá título ao livro foi dita pela Sara durante uma visita ao Instituto Butantan, em São Paulo. Quando viu pela primeira vez uma cascavel, não titubeou e soltou essa:

Cobra é um bicho que só tem rabo!

A mesma Sara, um dia chegou na sala de casa com um chumaço de algodão na mão e disse:

Achei um pedaço de Papai Noel!

Foi a Sara que disse, pequenininha ainda, meio que filosofando:

A gente fica arrepiada quando os pelos estão com medo.

O Julião, um pouquinho mais velho que a Sara, virou pra ela um dia e falou:

Bebe logo essa Coca-Cola porque o gelo não espera.

Foi ele também que para responder a irmã que queria saber como se escreve 69, disse:

É fácil. É só escrever um 9 de cabeça pra baixo e um 6 de cabeça pra baixo.

Ao ver um trólebus pela primeira vez na Praça da República, o Julião soltou essa:

Olha um ônibus de suspensório!

Do segundo casamento, veio a Maria Clara e depois a Marília. Quando a mãe perguntou pra Maria Clara: A chave da casa está contigo? Ela disse:

Quem é tigo?

Um dia ela estava com dor de cabeça e a mãe queria saber onde era essa dor. E a Maria Clara:

– Bem aqui onde o Frankstein coloca o pino.

Passeando com ela pela Lapa, a menina viu uma casa tomada de hera. Olhou, olhou e disse:

Nossa! Plantaram uma casa aqui!

A Marília, inconformada de ver a mãe sair pro trabalho, disse:

Por que você não arruma um emprego de faxineira aqui em casa?

A mesma Marília, passando as férias na casa da avó na cidade de Natal, veio correndo pra dentro da casa convocando todo mundo:

Venham ver um sapo! Ao vivo!

E foi a Marília que, deitada na cama pra dormir, olhos pra janela lá fora e disse:

O preto é o branco de noite…

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