Cultura
Clubes de leitura por assinatura crescem na pandemia e alcançam novos públicos
Com diferentes formatos, o mercado de clubes literários vai do feminismo à literatura africana; confira 7 indicações

Diante do fechamento das livrarias em todo o País, os clubes de livros despontaram como uma alternativa cômoda para alimentar o hábito durante o confinamento provocado pela Covid-19.
Passados os meses mais bicudos da pandemia, o formato vem mantendo a clientela.
Com seleções assinadas por grandes nomes da cultura, em 2020, os clubes literários alcançaram 27% do mercado de clubes por assinatura, segundo a Betalabs, consultoria especializada em e-commerce. Um crescimento de 60% em relação a 2019.
Os clubes de assinatura literários ganharam apostando em segmentações pouco exploradas pelo mercado editorial convencional. E, apesar de a média de leitura anual dos brasileiros ser de apenas três livros por ano, novos projetos tentam reverter esse cenário.
Como o modelo de assinatura literária parece ter “vindo para ficar”, selecionamos oito clubes para você conhecer, e quem sabe, escolher um para chamar de seu.
Panaceia
Mais que um clube de livros, a Panaceia é uma comunidade aberta às experiências do conhecimento estimuladas pela leitura.
A curadoria é composta por intelectuais, formadores de opinião e pesquisadores, que ajudam a fomentar debates profundos e importantes para compreender o mundo de hoje. Já assinaram seleções nomes como Wagner Moura, Djamila Ribeiro, Silvio Almeida, Conceição Evaristo, Jessé Souza, Sabrina Fernandes e Rita Von Hunty.
Todo mês, os assinantes recebem um kit composto pelo livro indicado pelo curador do mês e uma revista guia de leitura contando um pouco a história do autor da obra literária, do curador e de sua justificativa para a escolha do livro, com conteúdo e ilustrações produzidos por artistas independentes. Além de brindes exclusivos relacionados à temática da caixa.
TAG
Um dos maiores clubes literários do Brasil, a TAG apostou em modelos diferentes para cada tipo de assinantes. Desde a curadoria de livros escolhidos por grandes personalidades, como os autores Luis Fernando Veríssimo e Chimamanda Ngozi Adichie, a entrega de livros lançados em primeira mão.
A TAG foi uma das pioneiras em apostar no modelo em 2014, e passou por momentos difíceis, pois editoras e investidores não acreditavam na ideia, alegando a falta de leitura no Brasil como justificativa. No entanto, a iniciativa se mostrou um sucesso. De janeiro de 2020 até o momento, o número de associados aumentou 75% —saltando de 40 mil para 70 mil.
Com entregas mensais de livros, quem assina a TAG Livros também recebe uma revista sobre a obra do mês e um brinde.
Intrínsecos
O clube de leitura da Editora Intrínseca completou três anos em setembro, e registrou um aumento de 117% em seus assinantes somente no mês de maio de 2020.
A Editora tem entre suas publicações os best-sellers A menina que roubava livros e a saga Crepúsculo.
Quem assina, recebe em casa uma caixa literária com livros inéditos todo o mês, para ler antes do lançamento. A edição é exclusiva e em capa dura, com cores e texturas diferentes, mantendo o padrão para compor uma bela coleção.
Os livros não possuem uma curadoria específica e ajudam os assinantes a descobrir novos livros e sair da zona de conforto literária e explorar autores que sozinho não exploraria.
Põe na estante
A jornalista Gabriela Mayer é radialista, podcaster e apaixonada por livros. Por isso, em 2018, ela criou o Põe na Estante, onde faz resenhas sobre suas leituras e indica autores e obras.
Em formato de podcast, o clube recebe mensalmente convidados que trazem perspectivas diferentes sobre a obra.
No Instagram, ela divulga os livros que farão parte da próxima temporada do Põe na Estante, que já falou sobre livros como Igor na Chuva, de Hugo Guimarães, e o Sol é Para Todos, de Harper Lee.
O projeto, que já está na sua quinta temporada, propõe uma volta pela América Latina. Os livros escolhidos contemplam autores de países cuja presença das comunidades é grande no Brasil.
Circuito Ubu
O Circuito Ubu é um clube de assinaturas e leitura da Editora Ubu. Criada em 2016, a editora tem um catálogo que propõe conexões entre diversos campos do conhecimento para refletir sobre questões atuais.
A seleção dos livros fica por conta da equipe da Ubu e os títulos são sempre pré-lançamentos da editora. Este ano o clube trouxe títulos como Engenheiros do Caos, de Giuliano Da Empoli e Pele negra, máscaras brancas, de Frantz Fanon.
Além dos livros, o clube também inclui encontros de leitura presenciais e virtuais.
Os assinantes ainda ganham benefícios exclusivos como desconto em cursos, livros inéditos e participação em debates.
Minha pequena feminista
Além de incentivar a literatura aos pequenos, a ideia da curadoria é criar empoderamento feminino, com histórias de protagonistas fortes e independentes, além de propiciar discussões sobre os valores da empatia e da sororidade.
A curadoria é feita por uma equipe de mulheres especialistas na temática do mês, que ouvem diversas especialistas e vozes feministas para selecionar as obras.
Os livros enviados são escolhidos a partir da idade da criança e são recomendados tanto para meninas quanto para meninos de 0 a 13 anos. A proposta é valorizar a figura feminina sem desvalorizar ou desmerecer o papel do homem, sob uma bandeira de igualdade.
Além dos livros do mês, o kit acompanha uma carta aos pais e responsáveis com reflexões sobre o livro, escrita pela curadora especialista do mês.
Clube Africanidades
Criada há sete anos, a livraria Africanidades, em São Paulo, também decidiu apostas no mercado de clubes, focando na força literária de mulheres negras.
O projeto, que teve início em 2019, envia trimestralmente dois livros de autoria feminina para os assinantes do clube.
A cada edição, uma obra de uma escritora brasileira é selecionada para a caixinha, e cabe à própria autora escolher o outro título que integrará o kit — que também inclui brindes produzidos por empreendedoras negras, como brincos e bonecas abayomis.
As caixas de entregas são preparadas pela fundadora da livraria, Ketty Valencio, e acompanham uma carta da curadora da edição.
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