Cultura

Cinema: A vida real é um filme de terror para a família Silva

Segundo longa-metragem de Gabriela Amaral Almeida, ‘A Sombra do Pai’ dá sequência à filmografia aberta por ‘Animal Cordial’

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A família Silva está esfacelada. A mãe morreu. O pai, operário de obra, vive assombrado por acidentes de trabalho, demissões, suicídios. A tia se prepara para casar. A pequena Dalva passa os dias sozinha, absorta por leituras sobre magia, filmes de terror na tevê, bonecas, palhaços, coelhinhos de pelúcia, pés de feijão. A atmosfera macabra de fábula se instala devagar, à medida que a depressão e a morte vão tomando conta.

Segundo longa-metragem de Gabriela Amaral Almeida, A Sombra do Pai dá sequência à filmografia aberta por Animal Cordial (de 2018) e se instala em dois tempos distintos, o da realidade e o da fantasia. A primeira domina pelo menos dois terços do filme e é a mais interessante. Ali se diz, em discordância com toda uma tradição hollywoodiana, que a vida real é o verdadeiro filme de terror, principalmente se o sobrenome da família é Silva.

Tudo fica mais convencional quando a fábula e a fantasia colhem a vida de Dalva e de seu pai (“ele está virando um zumbi”, a menina conta à amiguinha). Feminina e original, a narrativa derrapa noutras “tradições”, como quando divide o mundo entre “macumba” e “magia branca”.

A Sombra do Pai causa arrepios autênticos, mas sutis, quando se protege da caricatura e demonstra que os mortos habitam, desde nossas infâncias, os espaços deixados vazios pelos vivos.

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