Cultura

À espera do vento

Ifigênia em Áulis, peça dirigida por Marcelo Lazzaratto, apresenta um texto próximo da vida contemporânea e de forte comunicação com o público

Irrepetível. Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, sacrifício e vontade
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por Alvaro Machado

IFIGÊNIA EM ÁULIS


Marcello Lazzaratto


Até 29 de abril


Sesc Belenzinho, São Paulo

 

O ponto de partida é o porto onde milhares de soldados arregimentados em cidades-Estado gregas aguardam, num ócio crispado, o retorno do vento que inflará as velas e os conduzirá à rival Troia. Trata-se da tragédia Ifigênia em Áulis, escrita em 414 a.C. por Eurípedes, nona escolha da paulista Cia. Elevador de Teatro Panorâmico em 12 anos de existência.

O reconhecimento da contribuição efetiva do grupo à linguagem teatral deu-se, contudo,


com textos bem mais próximos da vida contemporânea e de forte comunicação com o público: o monólogo Loucura (2001), colagem do ator Gabriel Miziara e do diretor Marcello Lazzaratto para dezenas de excertos, num arco de Shakespeare a Hilda Hilst, e A Hora em Que Não Sabíamos Nada uns dos Outros, do alemão Peter Handke (2002).

Reencenada em 2010, A Hora evidenciou o método criado por Lazzaratto,  que orienta desde o início a atividade da Elevador, servindo também para atualizar a tragédia ora revisitada em dramaturgia de Cássio Pires. Essa cartilha é o “campo de visão”, um “processo improvisacional, coletivo e coral”. Assim, cada um dos nove atores de Ifigênia é capaz de assumir qualquer dos vários papéis, o que pode ocasionar, por exemplo, que uma moça comece a falar repentinamente com inflexão de general Agamenon.

As alternâncias são decididas no próprio tablado, segundo a sintonia entre os atores, o que resulta em espetáculos sempre originais, irrepetíveis. Com a trama de embate entre a necessidade coletiva, o sacrifício do protagonista e a vontade individual, o diretor comemora o encontro entre tema e procedimentos de encenação.

Para os mais céticos, restará a opção de comparecer uma segunda vez, apenas para comprovar o funcionamento do método

por Alvaro Machado

IFIGÊNIA EM ÁULIS


Marcello Lazzaratto


Até 29 de abril


Sesc Belenzinho, São Paulo

 

O ponto de partida é o porto onde milhares de soldados arregimentados em cidades-Estado gregas aguardam, num ócio crispado, o retorno do vento que inflará as velas e os conduzirá à rival Troia. Trata-se da tragédia Ifigênia em Áulis, escrita em 414 a.C. por Eurípedes, nona escolha da paulista Cia. Elevador de Teatro Panorâmico em 12 anos de existência.

O reconhecimento da contribuição efetiva do grupo à linguagem teatral deu-se, contudo,


com textos bem mais próximos da vida contemporânea e de forte comunicação com o público: o monólogo Loucura (2001), colagem do ator Gabriel Miziara e do diretor Marcello Lazzaratto para dezenas de excertos, num arco de Shakespeare a Hilda Hilst, e A Hora em Que Não Sabíamos Nada uns dos Outros, do alemão Peter Handke (2002).

Reencenada em 2010, A Hora evidenciou o método criado por Lazzaratto,  que orienta desde o início a atividade da Elevador, servindo também para atualizar a tragédia ora revisitada em dramaturgia de Cássio Pires. Essa cartilha é o “campo de visão”, um “processo improvisacional, coletivo e coral”. Assim, cada um dos nove atores de Ifigênia é capaz de assumir qualquer dos vários papéis, o que pode ocasionar, por exemplo, que uma moça comece a falar repentinamente com inflexão de general Agamenon.

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