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Univaja contrapõe Mourão a respeito de haver um mandante das mortes de Bruno e Dom

Além de apontar uma possível inexistência de um mandante, o vice-presidente se referiu ao ocorrido como “um efeito colateral”, motivado pela atuação do indigenista

O indigenista Bruno Pereira à esquerda e o jornalista Dom Phillips à direita - Foto: Reprodução/Redes Sociais e Marcos Corrêa/PR
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A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) contrapôs, nesta segunda-feira 20, a declaração do vice-presidente Hamilton Mourão, de que não existiria um mandante do assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips.

O vice-presidente disse que “se há um mandante, deve ser comerciante”, que estaria se sentindo prejudicado com a atuação do indigenista Bruno Pereira em Atalaia do Norte. Por dez anos, Pereira foi coordenador da Funai, e antes do ocorrido trabalhava na sede da Univaja com a proteção da população local. 

A entidade afirmou que a declaração de Mourão reduz a gravidade do caso e revela um desconhecimento a respeito da violência na região, conflagrada pelo narcotráfico na fronteira Brasil-Colômbia-Peru. 

O assassinato de Bruno e Dom demonstra uma ação ordenada e planejada, não fruto do acaso, pressupondo a participação de inúmeras pessoas que se empenharam em seguir a embarcação de Bruno e Dom, em ocultar seus pertences e embarcação, esquartejar seus corpos, queima-los e enterra-los em diferentes trechos da área de busca”, escreve a organização em nota. 

Mourão ainda comparou as mortes do indigenista e jornalista com crimes em regiões periféricas de Brasília e disse que a morte do jornalista britânico foi “dano colateral”. O principal alvo, segundo ele, seria o indigenista Bruno Pereira. 

“Isso é um crime que aconteceu num momento quase que de uma emboscada. Um assunto que vinha se arrastando, vamos dizer. Na minha avaliação, deve ter ocorrido no domingo. Domingo essa turma bebe, se embriaga, mesma coisa que acontece aqui na periferia das grandes cidades”, afirma.

Sob essas alegações, a entidade demonstrou profunda preocupação e pediu aprofundamento das investigações: “Reafirmamos a nossa crença nas instituições e o seu comprometimento em elucidar o crime, praticado sob o contexto da atuação de organizações criminosas em nossa região. Algo que continua a ameaçar nossas vidas”. 

Confira a íntegra da resposta da Univaja:

Resposta da Univaja ao vice-presidente_20.06.22

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