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UFPR revoga títulos de doutor honoris causa concedidos a três presidentes na Ditadura

Castelo Branco, Costa e Silva e Geisel receberam a honraria ainda durante o período de exceção e, segundo o reitor, não representam os valores da universidade

Câmpus da UFPR, em Curitiba: mais de 33 mil alunos, em 164 cursos de graduação (Foto: Wikimedia Commons)
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A Universidade Federal do Paraná (UFPR) revogou, nesta segunda-feira 1º, os títulos de doutor honoris causa concedidos a Humberto Castelo Branco, Artur da Costa e Silva e Ernesto Geisel, três dos cinco presidente do período da Ditadura Militar brasileira, que durou entre 1964 e 1985.

A cassação das homenagens, concedidas pela universidade durante a Ditadura, foi votada pelo Conselho Universitário da UFPR após análise documental.

“Em uma análise nos documentos históricos, encontrou-se registros nas atas do Conselho Universitário que confirmam a concessão desses títulos. Em 31 de julho de 1964, foi concedido o título ao presidente Humberto de Alencar Castelo Branco; em 18 de setembro de 1968, ao presidente Artur Costa e Silva; e em 13 de janeiro de 1976 (com a entrega ocorrendo em 16 de janeiro de 1981), ao presidente Ernesto Geisel”, descreveu a universidade em nota.

Cerimônia de entrega da homenagem a geisel na UFPR. Foto: Reprodução

Após a constatação das homenagens, chegou-se a conclusão pela cassação a partir do entendimento de que os generais não representam os valores da universidade.

“Este é o momento de reafirmar o compromisso da Universidade com a Democracia e com a Memória. Afinal a universidade mais antiga do país, com 111 anos de história, não pode deixar de respeitar continuamente o passado na sua real espessura e deve a cada momento se vacinar contra as ‘artimanhas da memória’ que ainda hoje atuam para distorcer, para deturpar, para desinformar”, escreveu o relator do processo no Conselho Universitário, Ricardo Marcelo da Fonseca, que é também reitor da UFPR.

Nas redes sociais, Fonseca celebrou a decisão do Conselho em acatar o seu relatório e classificou a revogação como “medida necessária” e “decisão histórica”, tomada exatamente no dia que marca os 60 anos do golpe de Estado no País.

“Precisamos assegurar que as novas gerações que entrem pelos portões da UFPR sintam-se sempre mais conectadas com os melhores valores democráticos. Precisamos ser melhores amanhã do que somos hoje”, escreveu o reitor no anúncio da decisão.

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