CartaExpressa
‘Tu pesa 7 arrobas?’: PGR diz não ver racismo de Bolsonaro e pede o arquivamento de ações
Para a vice-PGR, Lindôra Araújo, ‘não houve nenhuma conotação relacionada com a cor da pele’ no diálogo do ex-capitão com um apoiador em 12 de maio


A Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal o arquivamento de duas representações contra o presidente Jair Bolsonaro por racismo.
As peças miravam uma declaração do ex-capitão em contato com um apoiador negro: na interação, Bolsonaro perguntou se o rapaz pesava “mais de sete arrobas” – unidade de medida utilizada para pesar gado.
O diálogo aconteceu em 12 de maio, no cercadinho do Palácio da Alvorada, e foi transmitido por um canal bolsonarista no YouTube.
A manifestação da PGR ocorre no âmbito de uma ação apresentada pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) e outra pela deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP). As peças estão sob relatoria da ministra Cármen Lúcia, que cobrou a manifestação da PGR.
Para a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, porém, não há crime na declaração de Bolsonaro. Segundo ela, a expressão, “invocada como suposta desumanização ou discriminação, não foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal como caracterizadora do tipo penal”.
Araújo argumenta, ainda, que “não houve nenhuma conotação relacionada com a cor da pele” e que “a frase foi precedida de outra completamente dissociada de questões raciais”.
“É incabível, portanto, o recorte da fala, retirando-lhe do contexto e atribuindo-lhe conotação que não tinha, afastando a tipicidade penal.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Quem dá golpe é quem não tem apoio popular’, diz Ciro Nogueira sobre Bolsonaro
Por CartaCapital
No Rio, Lula lidera com 15 pontos de vantagem sobre Bolsonaro, aponta Ipec
Por CartaCapital
Governo Bolsonaro troca mais uma vez o presidente da Petrobras
Por CartaCapital