CartaExpressa
Trump recua e derruba sanções da Magnitsky contra Alexandre de Moraes e esposa
Quase cinco meses após a eclosão da crise, a Casa Branca concluiu que punição ligada ao julgamento da trama golpista não tinha mais base
O governo dos Estados Unidos retirou, nesta sexta-feira 12, o ministro Alexandre de Moraes e a advogada Viviane Barci de Moraes da lista de sancionados pela Lei Magnitsky, encerrando um impasse que vinha pressionando as relações bilaterais desde julho. A exclusão tem efeito imediato.
A mudança derruba todas as restrições financeiras e territoriais impostas ao casal, incluindo impedimentos de circulação, bloqueio de ativos e proibição de transações em dólar. Também foi excluída das sanções a Lex Estudos Jurídicos, empresa do casal.
A reversão ocorre após uma revisão interna conduzida pelo Tesouro e pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, que avaliou que o enquadramento original, motivado pela atuação de Moraes no julgamento da trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não se sustentava mais.
O recuo da Casa Branca foi facilitada pelo aprofundamento do diálogo entre Donald Trump e Lula (PT), culminando na decisão do petista de condicionar a normalização completa da relação à retirada das sanções. O movimento ocorre em paralelo ao avanço de negociações sobre um plano conjunto de combate ao crime organizado e à possível suspensão das tarifas adicionais impostas ao Brasil.
A decisão representa um revés para os bolsonaristas, que estimularam a designação de Moraes na Magnitsky e apostavan na manutenção da medida como ativo eleitoral. Para o governo brasileiro, a revogação é considerada decisiva para reconstruir a confiança entre os países e destravar projetos bilaterais de segurança e comércio.
Nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo afirmaram receber o recuo “com pesar” e elogiaram o apoio que Trump supostamente ofereceu ao longo do processo que levou às sanções.
Os dois argumentam que a reversão das punições reflete, entre outros fatores, a “falta de coesão interna” no Brasil. Segundo eles, a sociedade não teria conseguido consolidar uma “unidade política” suficiente para sustentar, no exterior, a ofensiva contra Moraes.
Eles também afirmam esperar que a decisão de Trump “defenda os interesses estratégicos dos americanos”, classificando-a como parte do dever dele. A dupla, porém, sinaliza que continuará a conspirar contra o Brasil, prometendo “trabalhar de maneira firme e resoluta” para o que chamam de “libertação do nosso País”, apesar das “circunstâncias adversas”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Moraes vota para tornar réus os acusados de tentar explodir bomba no aeroporto de Brasília
Por Maiara Marinho
Por unanimidade, STF mantém decisão de Moraes que manda cassar Zambelli
Por Maiara Marinho



