CartaExpressa
Roberto Jefferson diz que Bolsonaro pode ter o mesmo destino de Collor
Presidente do PTB critica nomeação de Ciro Nogueira para Casa Civil. ‘Com todo respeito, eu não confiaria nele. Serviu demais o lado de lá’


O presidente do PTB e ex-deputado federal, Roberto Jefferson, avaliou a nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) na Casa Civil como um erro do presidente Jair Bolsonaro. Para o dirigente partidário, a chegada do parlamentar ao governo pode abrir espaço para uma ‘traição’, como a que teria acontecido com o ex-presidente Fernando Collor meses antes de sofrer o impeachment.
A avaliação foi feita em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira 28.
“Temo que o Ciro possa representar para o presidente o que foi o [Jorge] Bornhausen para o Collor. Bornhausen não foi um homem correto para o Collor e eu temo que o Ciro possa não ser correto com o presidente Bolsonaro”, destaca Jefferson.
Em 1992, o senador Jorge Bornhausen foi nomeado por Collor como ministro na Secretaria de Governo. O parlamentar tinha a missão de melhorar a articulação do então presidente no Congresso, porém, não foi o que aconteceu, segundo Jefferson.
“Lembro ao presidente Bolsonaro do episódio do Bornhausen com o Collor. Quando o presidente abriu os olhos, toda a liderança junto ao Congresso Nacional era do Bornhausen. Não era dele”, explica.
O líder do PTB foi um dos grandes aliados de Collor na Câmara e viu de perto a derrocada do ex-presidente que culminou no processo de impeachment. Jefferson atualmente é um dos maiores defensores de Bolsonaro no cenário político.
Para ele, o novo ministro, além de ter um perfil semelhante ao de Bornhausen, ainda tem um longo histórico com a oposição de Bolsonaro.
“Com todo respeito que tenho ao Ciro, eu não confiaria nele. Serviu demais do lado de lá, não gostaria de ter ao meu lado”, avalia Jefferson, relembrando o apoio de Nogueira a Lula e ao PT no Piauí nos últimos anos.
Em 2017, Nogueira chegou a chamar Bolsonaro de fascista em uma entrevista e por diversas vezes afirmou que Lula era melhor presidente do Brasil.
Na conversa com o jornal, o presidente do PTB também reafirmou o interesse de contar com Bolsonaro no seu partido para concorrer à reeleição em 2022.
Bolsonaro ainda não decidiu em qual partido se filiará. Segundo indicou em entrevistas recentes, a chegada de Nogueira ao governo abre caminho para uma filiação ao PP.
“O PTB está aberto para a vinda dele. Se ele quiser vir, será uma honra”, afirma. “Mesmo que ele não venha para o PTB, terá nosso apoio”, acrescenta Jefferson.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Chegada de Ciro Nogueira sepulta chances de impeachment de Bolsonaro, diz cientista político
Por CartaCapital
Com saída de Ciro Nogueira da CPI da Covid, Flávio Bolsonaro pega vaga de Heinze
Por Estadão Conteúdo
Impeachment é possível, mas dependerá das ruas, diz vice-presidente da Câmara
Por Leonardo Miazzo