CartaExpressa
‘Repassa ao máximo’: Bolsonaro teria dado ordens para empresário disparar fake news
Registro consta nas mensagens trocadas com Meyer Nigri e obtidas na investigação que apura a participação de empresários em tentativa de golpe


A Polícia Federal encontrou mensagens atribuídas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dando ordens para que o empresário Meyer Nigri, dono da Tecnisa, fizesse um disparo de mensagens em massa contendo notícias falsas.
A troca de mensagens foi obtida pela investigação que apura o envolvimento de empresários em uma suposta tentativa de golpe de Estado. O trecho em questão foi citado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na decisão que manteve a apuração contra Nigri e Luciano Hang, da Havan, por mais 60 dias.
Conforme citado, as mensagens atribuídas ao contato “PR Bolsonaro 8”, que seria de Bolsonaro, foram encontradas no celular do fundador da empreiteira. O conteúdo tratava de ataques ao STF e continha fake news sobre as urnas eletrônicas. Ao final, o contato dava a ordem: “Repasse ao máximo”.
O contato vinculado ao ex-capitão atacava uma ação do ministro Luís Roberto Barroso de defender o “processo eleitoral como algo seguro e confiável”. O texto citava a defesa do voto eletrônico por parte do ministro, que comandava a Justiça Eleitoral, como uma “interferência”.
Em outra ponta, o texto encaminhado pelo contato PR Bolsonaro 8 ainda levantava dúvidas, sem apontar qualquer comprovação, sobre as pesquisas eleitoral. A mensagem dizia que os institutos inflavam os números a favor do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em resposta à ordem dada pelo contato PR Bolsonaro 8, o empresário dono da Tecnica afirmou que já havia repassado as declarações infundadas a diversos grupos no aplicativo de mensagens.
Nenhum dois envolvidos comentou, até o momento, as revelações.
Diante das evidências, na segunda-feira, o Moraes optou por manter a apuração contra Nigri, assim como fez contra Hang. Os demais empresários membros do grupo tiveram apuração arquivada.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Moraes arquiva investigação contra 6 empresários, mas apuração contra Hang prossegue
Por CartaCapital
TCU aponta descontrole em gastos dos governos Temer e Bolsonaro na Agricultura
Por CartaCapital
Governos Bolsonaro, Ibaneis e militares ignoraram aviso da Abin sobre risco de violência
Por Agência Pública
PF ainda não pediu retenção de passaporte ou prisão de Bolsonaro, diz Dino
Por CartaCapital
Bolsonaro tinha conhecimento das negociações das joias, diz TV
Por CartaCapital