A empresária Maria Alice Setubal, conhecida como Neca, afirmou que parte da elite brasileira se afastou do presidente Jair Bolsonaro após o mandatário insistir no questionamento das eleições.
Em entrevista à BBCBrasil, a presidente do conselho curador da Fundação Tide Setubal e herdeira do conglomerado Itaú disse ainda que a democracia está em risco.
“Como tem sido amplamente discutido por sociólogos e politicólogos, os ataques à democracia do mundo contemporâneo, no século 21, normalmente não são dados através de golpes, mas pelo enfraquecimento contínuo [das instituições] a partir de dentro da própria democracia”, declarou.
“O Brasil está dentro desses casos de governos eleitos democraticamente, mas que vão corroendo as próprias instâncias democráticas. Tanto através de mudanças na legislação, como, no Brasil, da eliminação de 90% dos diferentes conselhos que faziam parte da governança das políticas públicas”, acrescentou.
Na conversa, Maria Alice destacou que o empresariado brasileiro viu no questionamento das eleições um ponto de virada que levou parte do setor privado a romper seu costumeiro silêncio.
“Na hora em que você questiona o sistema eleitoral, você está questionando a democracia e gerando uma possível instabilidade que sempre assusta o mercado”, pontuou.
Publicado em página inteira nos principais jornais do País na última quinta-feira 12, o documento endossa a confiança nas urnas eletrônicas e na Justiça Eleitoral, ambos na mira do presidente.
“A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico”, diz a carta.
Na entrevista, Neca confirmou que votará em Lula “sem a menor dúvida” no cenário que hoje parece ser o mais provável para o segundo turno de 2022.
“O cenário brasileiro está muito instável, a cada dia é uma nova situação, um novo contexto. É muito difícil fazer uma previsão para 2022 — nem sabemos se haverá Bolsonaro ou se terá um processo de impeachment ou o avanço de outros processos que ele está sofrendo no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e no STF [Supremo Tribunal Federal].”
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