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O que pesa para Lula contra uma possível indicação de Pacheco ao STF
A indicação do senador minaria o ‘plano A’ de Lula em Minas Gerais, terreno eleitoral fundamental para as eleições de 2026


Sem uma base sólida em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País, o presidente Lula (PT) vê no senador Rodrigo Pacheco (PSD) a possibilidade de consolidar seu palanque no estado em 2026. Mas a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal com a aposentadoria compulsória de Luís Roberto Barroso colocou o petista diante de um dilema.
Com mais de 16 milhões de eleitores e fama de “termômetro” nas presidenciais, Minas é um terreno eleitoral estratégico. Indicar Pacheco ao tribunal, portanto, deixaria o PT desfalcado na composição de palanque.
Formado em Direito, o senador mineiro nunca escondeu a aspiração de chegar ao STF, segundo pessoas próximas. Seu nome chegou a circular nas apostas para a segunda indicação de Lula à Corte, mas acabou perdendo fôlego.
Agora, a chance volta a bater à porta. Seu nome tem sido o mais citado nas rodas de Brasília, ficando atrás somente do advogado-geral da União Jorge Messias. Pesam em favor do mineiro o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Em julho, Pacheco fez alguns gestos sobre uma possível candidatura que animaram o entorno de Lula. No PT local, começou-se a discutir nomes para uma eventual chapa encabeçada por Pacheco. Cogitou-se um vice petista, mas aliados do senador temem a rejeição da sigla em Minas. Outra alternativa seria reservar uma das vagas ao Senado. Entre os cotados, estão a prefeita de Contagem, Marília Campos, e o deputado federal Reginaldo Lopes.
Pacheco é visto como um nome competitivo para o governo de Minas por seu perfil moderado e pela boa relação com prefeitos de diferentes partidos, inclusive de direita. Ao mesmo tempo, auxiliares de Lula ponderam que, caso vá para o Supremo, o mineiro poderia atuar como uma ponte institucional num momento de tensão entre os Poderes.
Um interlocutor do senador, ouvido sob reserva, admite o cenário adverso em Minas, cujos impactos serão sentidos também na campanha à reeleição de Lula, mas pondera ser preciso aguardar a palavra final do presidente. Para disputar o governo, acrescenta, seria indispensável ampliar o arco de alianças em torno do projeto petista no estado.
O problema é que o PSD, partido de Pacheco, tem se aproximado de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), potencial candidato à Presidência. Se esse apoio se concretizar, o mineiro teria de dividir seu palanque com o paulista — algo politicamente impensável a Lula. Aliados do senador chegaram a especular uma migração ao União Brasil, mas a sinalização de que a sigla deixaria o governo federal esfriou as conversas.
A direção do PT mineiro, por sua vez, confirma a aposta em Pacheco, mas nega que uma eventual indicação ao STF fragilizaria o partido no estado. “O cenário eleitoral em Minas é dinâmico e ainda não está definido. Minas conta com inúmeras lideranças importantes que podem nos representar nas eleições”, sustena Leninha Alves, presidente estadual da sigla.
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