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Na Itália, Bolsonaro ignora indicadores e diz que o Brasil ‘vai muito bem na recuperação econômica’
‘O Brasil fez o seu dever de casa’, alegou o ex-capitão, em Roma, após discursar no G20; os números não sustentam o suposto otimismo
O presidente Jair Bolsonaro voltou a exaltar uma suposta “recuperação da economia” no Brasil, mesmo em meio a índices que mostram o aprofundamento da crise. Ele tentou demonstrar otimismo com a situação do País em conversa com jornalistas neste sábado 30, logo depois de discursar na cúpula do G20.
“O Brasil está indo muito bem na recuperação da economia. Como eu disse lá atrás, tínhamos dois problemas: o vírus e o desemprego”, repetiu o ex-capitão. “O Brasil fez o seu dever de casa e não mediu esforços para atender aos mais necessitados. E precisamos, agora sim, investir na retomada da economia.”
Na última terça-feira 26, o IBGE divulgou o IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial do País. Ele acelerou para 1,20% em outubro, depois de registrar uma taxa de 1,14% em setembro. Trata-se da maior variação para um mês de outubro desde 1995 e da maior variação mensal desde fevereiro de 2016.
Um dia depois, o IBGE comunicou que a taxa de desemprego no Brasil chegou, no trimestre encerrado em agosto, a 13,2%. Apesar de indicar queda, a pesquisa expôs o avanço da informalidade e um abalo histórico no rendimento real dos trabalhadores.
Em meio ao aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia, o Banco Central apertou ainda mais os cintos na política monetária também na quarta-feira 27. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa Selic, juros básicos da economia, de 6,25% para 7,75% ao ano. A decisão surpreendeu analistas financeiros, que esperavam reajuste para 7,5% ao ano.
Bolsonaro também tornou a criticar a imprensa pela cobertura de episódios que ilustram o drama dos brasileiros, como o de pessoas que buscam restos de comida em caminhões.
“A gente lamenta. Agora, quando a gente fala de dobrar o valor do ticket médio do Bolsa Família, a mesma mídia me critica de querer furar o teto. No ano passado, foram 700 bilhões além do teto. Neste ano, com a questão dos precatórios, não furaremos o teto”, acrescentou. O presidente admitiu se preocupar com a dificuldade para aprovar a PEC dos Precatórios na Câmara, mas sugeriu ter um ‘plano B’.
“Preocupa, o ano está acabando. Mas eu sou um paraquedista, sempre tenho um paraquedas reserva comigo, mas com muita responsabilidade.”
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