Marco Aurélio Mello, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, vê com preocupação a chegada do general da reserva Fernando Azevedo e Silva à diretoria-geral do TSE em 2022.
“Nem na época de exceção, no regime militar vivenciado pelo Brasil, isso ocorreu”, disse Marco Aurélio ao jornal Folha de S.Paulo. “Sob a minha ótica, talvez equivocada, é negativo. O exemplo frutificará, já que vem de cima? Os [Tribunais] Regionais buscarão assessoria militar?”
Azevedo e Silva chefiou o Ministério da Defesa no governo de Jair Bolsonaro até março deste ano, quando foi demitido.
Em fevereiro, Edson Fachin assumirá a presidência da Corte eleitoral, em substituição a Luís Roberto Barroso. Em agosto, Fachin dará lugar a Alexandre de Moraes, que comandará o tribunal durante as próximas eleições.
A presença de Azevedo e Silva pode reduzir a intensidade dos ataques de bolsonaristas ao sistema eletrônico de votação. Nas últimas semanas, Jair Bolsonaro (PL) retomou a ofensiva contra Moraes. Em 14 de dezembro, a Polícia Federal intimou o ex-capitão a depor no inquérito que apura o vazamento de documentos de uma investigação sigilosa sobre um ataque hacker ao TSE.
Bolsonaro publicou, em agosto deste ano, dados sigilosos nas redes sociais e usou o conteúdo da investigação para disseminar informações falsas e colocar em xeque a segurança das urnas. Ele contou com a participação do deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) para acessar e espalhar a desinformação.
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