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Lula sobe o tom e enfrenta Bolsonaro no tema corrupção
Questionado sobre o tema em uma rádio do Pará, o ex-presidente direcionou a crítica a Bolsonaro: ‘nosso cartão corporativo era transparente, hoje tem sigilo de 100 anos’
O ex-presidente Lula (PT) adotou um novo tom no discurso sobre corrupção nesta quarta-feira 31. Questionado nesta manhã sobre o assunto, Lula passou a citar mais diretamente Jair Bolsonaro (PL).
“Tem duas formas de você enfrentar o tema corrupção: ou você faz ela aparecer, ou faz desaparecer”, disse. “Nós tivemos antes de mim, o famoso engavetador, que não abria nenhum processo contra o presidente. Depois, tivemos um presidente que não exigiu a investigação do Queiroz, dos seus filhos e das denúncias contra o Pazuello nas negociações da vacina”, prosseguiu.
Nos últimos tempos, quando questionado sobre o assunto, Lula costumava citar os mecanismos de fiscalização e controle criados durante sua gestão, mas não apontava as suspeitas sobre os adversários – em especial, o ex-capitão.
Dessa vez, Lula arrematou: “Nós temos um presidente da República que não apenas coloca a sujeira embaixo do tapete, mas também transforma em sigilo de 100 [anos] toda e qualquer denúncia contra ele. Veja a diferença de um governo engavetador, um governo que mente muito e o meu governo. […] Nós fizemos com que o cartão corporativo fosse transparente e agora o cartão corporativo do presidente tem sigilo de 100 anos”.
Lula fez também um mea culpa seu desempenho no debate da Band. Apesar de analistas entenderem a atitude de não rebater as bravatas de Bolsonaro como um acerto, Lula disse que sua postura não foi exatamente opção, mas sim o resultado de uma dinâmica problemática no evento.
“O debate da Band, do jeito que ele é formulado, cria muita dificuldade para um debate de verdade, que é o enfrentamento entre os candidatos”, justificou. “Mas haverá outros debates e outras oportunidades. Nelas vamos provar quem é quem na política brasileira”, completou em seguida.
Na conversa desta terça com a rádio, o ex-presidente aproveitou ainda para alfinetar Sergio Moro (União Brasil), que tem repetido que ele não teria sido inocentado das acusações da Operação Lava Jato, a qual classificou como uma farsa.
“Eu sou o único cara condenado por ser inocente. É proibido ser inocente. Mesmo com todas as decisões favoráveis a mim, tem gente que insiste em dizer ‘mas você não foi inocentado’”, lamentou. “Então, eu sou um cara condenado por ser inocente. Essa é a minha tranquilidade”, alfinetou então o ex-presidente.
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