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Lula, artistas e lideranças mundiais cobram fim dos bloqueios a Cuba

Carta publicada no NY Times pede que o presidente dos EUA, Joe Biden, acabe com as ‘medidas coercitivas’ de Trump

Fotos: Mauro Pimentel/AFP | Reprodução/Redes Sociais | Tobias Schwarz AFP
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Um dia depois do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, impor novos bloqueios a Cuba, mais de 400 políticos, lideranças e personalidades mundiais publicam nesta sexta-feira 23 no jornal The New York Times uma carta aberta pedindo o fim dos embargos econômicos impostos ao País.

A carta é intitulada ‘Let Cuba Live’, ou ‘Deixe Cuba Viver’, em tradução livre. O pedido é direcionado ao presidente norte-americano e cobra o imediato fim das mais de 200 sanções impostas há 60 anos e ampliadas nesta semana por Biden.

“Consideramos inescrupuloso, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e o uso de instituições financeiras globais por parte de Cuba”, diz um trecho da carta.

No documento, as lideranças pedem ainda que Biden “acabe com as ‘medidas coercitivas’ de Trump e retorne à abertura de Obama ou, melhor ainda, inicie o processo de fim do embargo e normalização total das relações entre os Estados Unidos e Cuba”.

Os efeitos das sanções dos EUA restringem a aquisição de itens básicos como alimentos, medicamentos, combustíveis e máquinas em Cuba. O bloqueio também recai sobre centenas de cidadãos cubanos que integram a Specially Designated Nationals and Blocked Persons List, a SDN. Os nomes da lista têm seus bens bloqueados e a restrição de diversos direitos fora de Cuba.

Assinaturas

Na lista de assinaturas estão dezenas de brasileiros, entre eles o ex-presidente Lula, deputados como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Glauber Braga (PSOL-RJ), além de movimentos sociais como o MST e a Frente Brasil Popular. Artistas importantes como Chico Buarque e Wagner Moura também engrossam o coro em favor de Cuba.

Os brasileiros aparecem ao lado de nomes mundialmente conhecidos como Jane Fonda, Emma Thompson, Danny Glover e Mark Ruffalo. Grandes nomes da ciência, como Noam Chomsky, Judith Butler e Gayatri Spivak, também integram a lista de assinantes. Os movimentos People’s Forum e Black Lives Matter também aparecem em destaque na carta.

Confira abaixo a tradução da carta ‘Let Cuba Live’ publicada no The New York Times:

Caro Presidente Joe Biden,

É hora de dar um novo rumo adiante nas relações entre os Estados Unidos da América e Cuba. Nós, abaixo assinados, estamos fazendo este apelo público e urgente a vocês para que o senhor rejeite as políticas cruéis postas em prática pela Casa Branca de Trump, que causaram tanto sofrimento para o povo cubano.

Cuba – um país de onze milhões de habitantes – está passando por uma difícil crise devido à crescente escassez de alimentos e medicamentos. Protestos recentes chamaram a atenção do mundo para isso. A pandemia de Covid-19 se mostrou um desafio para todos os países e o foi ainda mais para uma pequena ilha sob o peso de um embargo econômico.

Consideramos inescrupuloso, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e o uso de instituições financeiras globais por parte de Cuba, visto que o acesso a dólares é necessário para a importação de alimentos e medicamentos.

Quando a pandemia atingiu a ilha, seu povo – e seu governo – perderam bilhões em receitas advindas do turismo internacional que normalmente iriam para o sistema público de saúde, distribuição de alimentos e ajuda econômica.

Durante a pandemia, a administração de Donald Trump endureceu o embargo, pôs de lado a abertura de Obama e pôs em prática 243 ‘medidas coercitivas’ que intencionalmente estrangularam a vida na ilha e criaram mais sofrimento.

A proibição de remessas e o fim dos voos comerciais diretos entre os EUA e Cuba são impedimentos ao bem-estar da maioria das famílias cubanas.

‘Apoiamos o povo cubano’, você escreveu em 12 de julho. Se é esse o caso, pedimos que você assine imediatamente uma ordem executiva e anule as 243 ‘medidas coercitivas’ de Trump.

Não há razão para manter a política da Guerra Fria que exigia que os EUA tratassem Cuba como um inimigo existencial em vez de um vizinho. Em vez de manter o caminho traçado por Trump em seus esforços para desfazer a abertura do presidente Obama a Cuba, nós contamos com o senhor para seguir em frente. Retomar a abertura e iniciar o processo de encerramento do embargo. Acabar com a severa escassez de alimentos e medicamentos tem que ser a principal prioridade.

Em 23 de junho, a maioria dos estados membros das Nações Unidas votou para solicitar aos EUA para acabar com o embargo. Nos últimos 30 anos, esta tem sido a posição consistente da maioria dos Estados membros. Além disso, sete relatores especiais da ONU escreveram uma carta ao governo dos EUA em abril de 2020 sobre as sanções a Cuba. ‘Na emergência de pandemia’, eles escreveram , ‘a falta de vontade do governo dos EUA em suspender as sanções pode levar a um maior risco de sofrimento em Cuba’.

Pedimos que acabe com as ‘medidas coercitivas’ de Trump e retorne à abertura de Obama ou, melhor ainda, inicie o processo de fim do embargo e normalização total das relações entre os Estados Unidos e Cuba.

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