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Governo liberou R$ 1 bilhão de emendas ao Congresso dias antes da análise do voto impresso

Deputados que tiveram as emendas individuais liberadas e votaram sim na proposta negam qualquer relação entre os dois fatos

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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O governo do presidente Jair Bolsonaro liberou 1,03 bilhão de reais para emendas individuais de deputados e senadores poucos dias antes do voto impresso ser analisado na Câmara dos Deputados. O montante foi repassado diretamente a prefeitos e governadores da base eleitoral dos parlamentares sem qualquer fiscalização. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao todo, deputados federais receberam 931,7 milhões de reais em emendas individuais e senadores ficaram com 102 milhões. O pagamento foi no último dia 2 de agosto. Boa parte dos recursos foi recebida por deputados que se posicionaram favoravelmente ao voto impresso. Receberam as emendas individuais nada menos do 131 parlamentares dos 229 que se disseram favoráveis ao sistema.

Segundo apurou a reportagem, o montante superior a 1 bilhão é uma movimentação atípica para este período do ano. Isso fica evidente ao somar apenas as emendas pagas em agosto entre os anos de 2016 e 2020, quando o governo desembolsou ao todo 1,4 bilhão de reais. O montante liberado às vésperas da análise do voto impresso também chama a atenção no comparativo com os seis primeiros meses de 2021, quando foram liberados apenas 2,8 milhões de reais.

Deputados que tiveram as emendas individuais liberadas para suas bases eleitorais e votaram sim na proposta negam qualquer relação entre os dois fatos. A exemplo dos tanques na Esplanada, parlamentares alegam ‘coincidência’.

“Eu só posso dizer que é uma mera coincidência, igualzinho ter a votação na Câmara no dia que os tanques foram para a rua”, afirmou Julio Delgado (PSB-MG) ao Estadão. Na sessão, o deputado mineiro foi favorável ao voto impresso, contrariando a orientação do partido. Dias antes, teve sua emenda de 1,7 milhão liberada.

Outros parlamentares ouvidos pela reportagem disseram não ter conhecimento da liberação das emendas e afirmaram terem votado sim a proposta por ‘convicção’ ou por ‘ouvirem seus eleitores’.

“Transferências especiais fazem parte das emendas impositivas, o prazo está correto”, justificou Julian Lemos (PSL-PB) após dizer que ‘ouviu o apelo dos eleitores’. As emendas de Lemos somam 7,6 milhões.

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