O general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), teria determinado que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) suprimisse, no relatório entregue ao Congresso Nacional, os alertas enviados a ele sobre os riscos de ataques no 8 de Janeiro. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira 14.
No dia 20 de janeiro deste ano, o conjunto de alertas foi enviado para o Congresso, contendo mensagens enviadas, via Whatsapp, a diferentes órgãos. De acordo com a publicação, a ausência das mensagens enviadas enviadas diretamente a Gonçalves Dias ocorreu porque o general argumentou que a troca de informações não ocorreu por canais oficiais.
Os aplicativos de mensagens, porém, se tornaram, na prática, os canais de comunicação do GSI desde o governo Jair Bolsonaro (PL), notadamente a partir da gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ)
A versão que continha os alertas enviados ao general, revelada em abril, só foi enviada ao Congresso em maio, através de um novo relatório da Abin, já sob gestão da Casa Civil e não mais de militares. A diferença entre os dois documentos da agência revelou uma contradição no depoimento do militar.
Sobre a apuração do jornal nesta quarta-feira, a defesa de Gonçalves Dias alegou que o tema está sob sigilo e que não possui os documentos citados na matéria. “O general tem respondido a todas as perguntas que lhe são feitas no âmbito das investigações e não pode dar entrevistas neste momento”, alegou André Callegari, advogado do general.
A Abin não se manifestou sobre o fato dos dois relatórios – o primeiro, sem os alertas enviados a Dias; o outro, com os alertas – serem distintos. Já o GSI, para o qual a Abin estava subordinada à época, afirmou que “encaminhou à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência o relatório conforme recebido da Abin”.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login