CartaExpressa
Gaviões da Fiel desmente versão de integrante e diz que não irá representar ‘Bolsonaro gay’
Agremiação disse que samba-enredo trata apenas de questões culturais e que não fará uma apresentação marcada por questões políticas ou de apoio partidário em geral


A escola de samba Gaviões da Fiel, de São Paulo, publicou no fim desta terça-feira 19 uma nota desmentindo a versão do integrante da escola Neandro Ferreira contada ao jornal Folha de S. Paulo de que iria representar um ‘Bolsonaro gay’ na avenida. O desfile, segundo a agremiação, será focado em questões culturais e não tratará de ‘questões políticas ou de apoio partidário em geral’.
Horas antes, Ferreira disse ao jornal que seria o responsável por apresentar no sambódromo uma representação artística de Jair Bolsonaro gay. E que desfilaria em uma ala de governantes e generais.
“Vou vir com um Bolsonaro bem gay, bichíssima, dando muita pinta”, declarou à Folha de S. Paulo. Ferreira também disse que não faltarão placas de ‘Fora Bolsonaro’.
Em nota, a escola disse que as informações se tratavam de ‘fake news’.
“Em resposta a matéria veiculada por alguns órgãos de imprensa e em especial a Folha de S. Paulo, o Grêmio Gaviões da Fiel esclarece que as informações não são verdadeiras, tratando-se de ‘fake news’, com objetivo de imputar à agremiação suposta desinformação a respeito sobre sua atividade”, destaca o texto da escola.
Ainda na nota, a agremiação paulista diz que seu enredo, que tratará da luta contra o racismo, fascismo e opressão, será focado apenas em questões culturais e não tratará de questões políticas ou de apoio partidário em geral.
A Gaviões desfilará com o samba-enredo ‘Basta!’, do qual o ator Marcelo Adnet é um dos compositores. A letra fará menções a lideranças, tais como o ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, e o cacique Raoni, que representa a luta pela preservação da Amazônia.
Confira a letra:
Sou eu….
O filho dessa pátria-mãe hostil
Herdeiro da senzala Brasil
Refém da maculada inquisição
Axé meu irmão!
O pai de mais um João e de mais um Miguel
Na mira da cega justiça
Que enxerga o negro como réu
Sou eu o clamor da favela
O canto da aldeia, a fome do gueto
Meu punho é luz de Mandela
No samba o levante do novo Soweto
Cacique Raoni da minha gente
Guerreiro GAVIÃO, presente!
Essa terra é de quem tem mais
Conquistada através da dor
As migalhas que você me oferece
Só aumentam minha força pra mostrar o meu valor
Meu lugar de fala, a voz destemida
Cabeça erguida por nossos direitos
Quando o fascismo do asfalto
É opressor à militância por respeito
O ventre das mazelas sociais
Ante ao preconceito vai se libertar
Vidas negras nos importam
O grito da mulher não vão calar
Meu Gavião chegou o dia da revolução
Onde a democracia desse meu Brasil
Faça o amor cantar mais alto que o fuzBolsonil
Escute o meu clamor
Oh pátria amada
É hora da luta sair do papel
Basta é o grito que embala o povo
Eu sou Gaviões, sou a voz da Fiel
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Muitas vezes me sinto um presidiário’, diz Bolsonaro sobre o Palácio da Alvorada
Por CartaCapital
Sob Bolsonaro, orçamento para demarcação de terras indígenas foi usado para outros fins
Por Marina Verenicz