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Em reunião com embaixadores, Bolsonaro ‘testou estratégia para quando for derrotado’, diz NYT
Jornal dos Estados Unidos também alertou para a sequência de ações tomadas por Bolsonaro que são semelhantes às de Donald Trump antes do ataque ao Capitólio


O jornal norte-americano The New York Times desta terça-feira 19 classificou a reunião entre Jair Bolsonaro (PL) e embaixadores para tratar do sistema eleitoral brasileiro como um ‘teste’ da estratégia que será adotada pelo brasileiro em caso de derrota nas urnas. Para a publicação, considerada uma das mais importantes do mundo, o brasileiro tem seguido os mesmos passos de Donald Trump antes da sua derrota, que culminou no ataque ao Capitólio em 2020.
“Muitos diplomatas no evento ficaram abalados com a apresentação, em que Bolsonaro sugeriu que a maneira de garantir eleições seguras era por meio de um envolvimento mais profundo dos militares do Brasil”, relata o NYT em um trecho da reportagem.
“Esses diplomatas temem que Bolsonaro esteja preparando as bases para uma tentativa de contestar os resultados da votação em caso de derrota”, diz o jornal logo em seguida.
Sobre as similaridades das ações do presidente brasileiro com o líder da extrema-direita dos EUA, o jornal destacou: “parece estar aderindo ao plano do ex-presidente Donald J. Trump.”
“Assim como Trump antes das eleições de 2020 nos EUA, Bolsonaro está atrás nas pesquisas. E, como Trump, Bolsonaro parecia estar desacreditando a votação antes que ela acontecesse, em um suposto esforço para aumentar a confiabilidade e a transparência.”
O jornal diz ainda que o ex-capitão estaria recebendo ‘ajuda’ do ex-presidente dos Estados Unidos e de outros nomes da direita mundial em forma de ‘endosso’. “Bolsonaro também está recebendo ajuda de Trump e seus aliados na forma de endossos, conferências políticas conservadoras, novas redes sociais e amplo tempo de televisão do apresentador da Fox News, Tucker Carlson”, diz a reportagem.
Para o NYT, a prévia da estratégia em caso de derrota dada por Bolsonaro se dá pelas recentes pesquisas eleitorais que apontam que o ex-capitão ‘perderá de forma esmagadora’. A reportagem também afirmou que o brasileiro transformou uma ‘questão de política doméstica em um assunto de política externa’.
Ao fim, o texto publicado nesta terça-feira dá destaque ao silêncio dos embaixadores ao término da apresentação de Bolsonaro, que durou mais de 47 minutos, e reafirma a confiança dos líderes políticos dos EUA e da Europa no sistema eleitoral brasileiro.
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