‘Comunismo não pediu assassinato de populações’, diz embaixador de Israel sobre comparação com nazismo

Bolsonaro e aliados usaram ‘episódio Monark’ para equiparar práticas e pedir criminalização do comunismo

Embaixador de Israel, Daniel Zohar Zonshine, em conversa com Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

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O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, rejeitou a comparação entre comunismo e nazismo feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, motivados pelo ‘episódio Monark’.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira 14, Zonshine disse que ‘o comunismo não convocou para o assassinato de grupos de pessoas e populações’ como fez o nazismo. Para ele, portanto, a comparação feita pelo clã Bolsonaro e aliados, que pediram a criminalização do comunismo após as declarações de Monark, não faria sentido.

O embaixador, no entanto, se negou a se aprofundar na questão durante a entrevista, evitando a todo momento rotas de conflitos com o presidente. Após rechaçar a comparação, Zonshine pediu para que a discussão fosse feita em “outros fóruns”.

Ainda sobre o episódio em que o podcaster Bruno Aiub, o Monark, defendeu a existência de um partido nazista no Brasil, o israelense classificou as declarações como algo ‘muito grave’.

“Dar legitimidade para a ideologia nazista é uma coisa grave. É uma coisa perigosa e já vimos no passado que ideologias podem passar para ações. Acho que não podemos ter qualquer tolerância nesse sentido, porque a ideologia nazista é racista. Inclui discurso de ódio e antissemitismo”, afirmou o embaixador.

O representante de Israel no Brasil disse também não ver o ocorrido no Flow Podcast como um caso isolado.


“Infelizmente parece que não é uma coisa totalmente isolada. Conhecemos casos de antissemitismo contra judeus e contra instituições judaicas, também aqui no Brasil. Não sei se agora tem mais do que antes ou se ouvimos mais sobre esse tipo de acontecimento”, avaliou.

Levantamentos recentes mostram que a avaliação de Zonshine não é mera percepção. Desde 2019, quando Bolsonaro chegou ao poder, episódios envolvendo grupos neonazistas aumentaram no Brasil, de acordo com pesquisadores que monitoram o tema.

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