A nebulosa nota divulgada por Augusto Aras na noite desta terça-feira 19 preocupou ministros do Supremo Tribunal Federal.
No texto, Aras diz que eventuais atos ilícitos cometidos por autoridades da “cúpula dos poderes da República” durante a pandemia devem ser julgados pelo Legislativo. O procurador sugere ainda que o estado de calamidade pública decretado por conta da pandemia é a “antessala do estado de defesa”.
Ouvido pela repórter Andreia Sadi para o portal G1, o ministro Marco Aurélio Mello disse “não ver com bons olhos” o movimentos do Ministério Público, e lembrou uma declaração que deu em 2017, na qual disse que “temia” pelo Brasil caso Bolsonaro, então deputado federal, fosse eleito.
Outro ministro, ouvido por Sadi reservadamente, disse segundo a repórter que a PGR “respondeu a uma pergunta que não foi feita” e que, ao contrário do que dá a entender a nota, cabe sim ao PGR a responsabilidade de uma eventual investigação criminal contra o presidente ou ministros.
Políticos ouvidos por CartaCapital viram tom de ameaça na nota de Aras. Para o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a PGR “deixou de ser Procuradoria-Geral da República e passou ao triste papel de advogada de defesa do presidente da República”.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que Aras “está ameaçando um endurecimento político e intimidando quem está se mobilizando contra o descalabro que é o governo Bolsonaro”.
Já para o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), a Procuradoria-Geral da República reconhece que a crise deve se agravar e, “em vez de denunciar a responsabilidade do presidente e do governo Bolsonaro, insinua ‘alterações no texto’ de caráter duvidoso”.
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