Cientistas que foram condecorados com a medalha de Ordem Nacional do Mérito Científico pelo presidente Jair Bolsonaro fizeram uma renúncia coletiva à honraria depois que o ex-capitão excluiu da lista dois cientistas que, sabidamente, têm posições que incomodam o governo.
Mais de 20 cientistas assinaram uma carta em apoio à médica sanitarista Adele Benzaken, diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz, e ao médico Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado.
“Enquanto cientistas, não compactuamos com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia têm sido utilizados como ferramentas para fazer retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade cientifica brasileira nas últimas décadas”, diz o documento.
Bolsonaro resolveu reverter, na sexta-feira 5, o reconhecimento dado aos profissionais dois dias antes. A condecoração foi tornada ‘sem efeito’ em um decreto que não apresentou justificativas.
Adele Benzaken era diretora do Departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde e foi demitida por Bolsonaro em 2019, na gestão de Luiz Henrique Mandetta. Em entrevista a CartaCapital à época, a médica havia apontado críticas ao governo federal em relação às iniciativas dedicadas à saúde pública.
Já Marcus Lacerda chegou a receber ofensas e ameaças por provar que a cloroquina não é eficaz contra a Covid-19, a partir de um estudo realizado em 2020. Conforme noticiou a própria Fiocruz, o médico precisou de escolta armada por semanas para se proteger dos ataques.
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