Pouco antes das eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um áudio em que chama Ailton Gonçalves Moraes Barros de ‘segundo irmão’. Barros foi um dos seis presos na Operação Venire, na semana passada, e é acusado de participar do esquema de fraude em certidões de vacina contra a Covid-19 envolvendo o ex-presidente.
“Ailton, você sabe, você é um velho colega meu, paraquedista. Tu é meu segundo irmão, né? Primeiro é o Hélio Negão, depois é você. Tu sabe do carinho que tenho contigo, da nossa amizade. Eu nem posso declarar meu voto, né? Mas você é um cara que eu gostaria muito que tivesse sucesso aí no Rio, tá ok?”, disse Bolsonaro, em áudio revelado na edição do domingo 7 do programa Fantástico, da TV Globo.
Barros é uma figura central no processo de investigação conduzido pela Polícia Federal (PF). No dia seguinte à Operação Venire, foi revelado um áudio dele para Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro e também preso pela PF, com a descrição de um plano para materializar um golpe de Estado no país. Na mensagem, Barros cita, inclusive, a intenção de prender o ministro Alexandre de Moraes como forma de manter Bolsonaro no poder.
Além da fraude e do plano de golpe, Barros também é peça-chave em outras duas ocorrências. A primeira delas é uma mensagem em que ele diz a Mauro Cid saber ‘tudo’ sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), inclusive o mandante do crime. Na segunda polêmica, ele aparece como morto no sistema do Exército. Sua esposa recebe pensão de 22 mil reais.
Para além do áudio do ex-presidente revelado neste domingo, são diversos os episódios que demonstram a proximidade entre Ailton Barros e Bolsonaro. Barros esteve presente, por exemplo, em lives realizadas pelo ex-capitão durante o governo anterior. Ao se candidatar a deputado estadual no Rio de Janeiro, no ano passado, ele se apresentava como o “01 de Bolsonaro”.
Até o momento, a defesa de Ailton Barros não se pronunciou sobre o tema. Bolsonaro também tem optado pelo silêncio.
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