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Barroso deixa presidência do TSE com recados a Bolsonaro: ‘Onde não há boa-fé não há salvação’
‘O ódio, a mentira e as ameaças não são protegidas pela liberdade de expressão’, afirmou o magistrado
O ministro Luís Roberto Barroso, que se despediu da presidência do Tribunal Superior Eleitoral nesta quinta-feira 16, rebateu ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro.
Sem citar nominalmente o ex-capitão, o magistrado criticou a defesa do voto impresso e afirmou que a “liberdade de expressão precisa ser protegida contra os que a utilizam para destruir democracia”.
“A liberdade de expressão é muito importante e precisa ser protegida, inclusive contra os que a utilizam para destruí-la juntamente com a destruição da democracia”, disse. “O ódio, a mentira e as ameaças não são protegidas pela liberdade de expressão porque se destinam a silenciar a expressão dos outros”.
No discurso, Barroso ainda afirmou que “nos últimos tempos” a democracia e as instituições “passaram por ameaças das quais acreditávamos já haver nos livrado”.
“Não foram apenas exaltações verbais à ditadura e à tortura, mas ações concretas e preocupantes”, acrescentou.
Nas últimas semanas, o ministro chegou a afirmar que Bolsonaro tem discurso vazio, limitações cognitivas e baixa civilidade.
Sobre o voto impresso, ele apontou que “boa parte do ano de 2021 foi gasto com uma discussão desnecessária” e que “o sistema é seguro transparente e auditável”. “A rediscussão requentada do assunto só tem por finalidade tumultuar o processo eleitoral”, acrescentou.
Indiretamente, Barroso comentou a insistência de Bolsonaro em desconfiar dos funcionários do tribunal. O presidente disse que o sistema eleitoral “não é de confiança de todos”.
“A máquina, tudo bem, a máquina não mente. Mas quem opera é um ser humano. Então ainda existem muitas dúvidas no tocante a isso e a gente espera que nos próximos dias a gente tire essa dúvida”, chegou a dizer o ex-capitão.
“Onde não há boa-fé não há salvação. Sobretudo, em matéria de cybersegurança, o sigilo é imprescindível. Ninguém fornece informações que facilitam ataques, invasões e outros comportamentos delituosos. Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades”, respondeu Barroso nesta quinta-feira.
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